sábado, 28 de agosto de 2010

UCL Preview - Grupo B: Lyon, Benfica, Schalke 04, Hapoel Tel-Aviv


Lyon
O vice-campeão francês não tem mais a hegemonia em seu país como tinha até dois anos atrás. A "decadência" coincidiu com a saída do brasileiro Juninho Pernambucano, que havia liderado o time nos sete títulos nacionais consecutivos - os únicos da história do clube. Curiosamente, foi na temporada passada que o Lyon conseguiu a melhor classificação de sua história na Champions League, chegando na semifinal. Para esta temporada, o destaque foi a contratação do meia Gourcuff, vindo do rival Bordeaux. Deve ter dificuldades pra passar de fase em um dos grupos mais equilibrados da competição.

Benfica
As Águias estão voando alto. Conseguiram quebrar a sequência de quatro títulos seguidos do rival Porto e foram campeões nacionais.
Campeões da Europa em 1962 e 1963, os benfiquistas sonham voltar aos tempos de glória. O que pode não acontecer tão cedo, mas pelo menos as chances de classificação para a segunda fase são grandes. Resta ver se a perda de jogadores importantes como Di Maria (Real Madrid) e Ramires (Chelsea) será superada.

Schalke 04
Os vice-campeões da Alemanha tiveram várias mudanças no elenco, com destaque para a chegada de Raul, do Real Madrid, e do romeno de 24 anos Ciprian Deac, uma aposta para o setor ofensivo. O Schalke tem totais condições de se classificar, mas começou mal a temporada e a torcida já vive atritos com o técnico Felix Magath.
Tradição internacional é algo que falta também. O Schalke nunca passou das quartas de final da Champions League.

Hapoel Tel-Aviv
O campeão de Israel chega pela primeira vez à fase de grupos da UCL. Destaque para o goleiro nigeriano Enyeama, que fez um boa Copa do Mundo e faz até gol de pênalti pelo seu clube.
O Hapoel deve ser apenas um figurante, mas promete complicar nos jogos em casa.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

UCL Preview - Grupo A: Internazionale, Werder Bremen, Tottenham, Twente


Internazionale
Os atuais campeões da Europa começam a temporada com moral. No sorteio dos grupos realizado em Mônaco, os prêmios individuais foram todos para os italianos: melhor goleiro (Julio Cesar), melhor defensor (Maicon), melhor meio-campista (Sneijder) e melhor atacante (Milito). O time que ganhou tudo temporada passada (Serie A Italiana, Copa da Itália e Liga dos Campeões) é praticamente o mesmo e a expectativa é de um primeiro lugar no grupo sem muitos problemas. A maior perda foi o técnico José Mourinho, mas o substituto Rafa Benitez tem um bom currículo nas competições europeias - um título da UCL com o Liverpool em 2005 e um título da Copa da UEFA com o Valencia em 2004. Com 17 participações, a Inter já venceu o torneio três vezes (1964, 1965 e 2010).

Werder Bremen
Conseguiu a vaga no limite, com o terceiro lugar no campeonato alemão e um gol aos 45 do segundo tempo contra a Sampdoria nos play-offs. A perda de Mesut Ozil pode ter um grande impacto negativo no time do técnico Thomas Schaaf; conseguir o segundo lugar já vai ser uma tarefa muito difícil.
O Werder tem nove participações e nunca passou das quartas de final, etapa que só alcançou uma vez, em 1989.

Tottenham
Os Spurs finalmente voltam à principal competição europeia, depois de 48 anos. Em sua única participação, o time chegou à semifinal, em 1962.
A equipe de Harry Redknapp merece crédito por ter conseguido a quarta vaga da Premier League, superando Liverpool e Manchester City. O time é forte e tem grandes chances de classificação, mas a falta de experiência do técnico em competições internacionais pode pesar nas partidas fora de casa.

Twente
Pela primeira vez na fase de grupos da UCL, o campeão holandês é o azarão do grupo A. O técnico belga, o ex-goleiro Michel Preud'homme é o destaque de um time jovem e sem estrelas. Sua classificação seria um grande feito.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Goleiros jogáveis no FIFA 2011

Começa a nova temporada do futebol na Europa e, em breve, teremos a versão 2011 do jogo da EA Sports.

No modo Be a Pro, é possível controlar qualquer um dos jogadores durante toda a sua carreira. Porém, a posição mais ingrata do futebol havia sido deixada de lado até agora. Uma das principais novidades da nova versão é a possibilidade de controlar também o goleiro. Agora, em uma partida online, todos os 22 jogadores em campo poderão ser controlados por até 22 jogadores reais.

Veja o vídeo mostrando como funcionará o novo modo de jogo. FIFA 11 será lançado dia 28 de setembro nos Estados Unidos.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Manchester City 3x0 Liverpool: Será que o City chega lá?

Apesar dos investimentos gigantescos, o máximo que o Manchester City tinha conseguido foi um quinto lugar na temporada passada, quando perderam a vaga na Champions League ao serem derrotados pelo Tottenham a um jogo do fim do campeonato. Este ano as contratações foram ainda maiores, sendo gastas mais de 120 milhões de libras (330 milhões de reais) para trazer os meias Yaya Toure e James Milner, os defensores Jerome Boateng e Kolarov e os atacantes David Silva e Mario Balotelli, o que criou mais expectativas do que nunca para os torcedores dos Citizens.

Na primeira partida, o técnico Roberto Mancini usou uma formação com três volantes que não rendeu muito, o time só não foi derrotado graças às brilhantes defesas do jovem Joe Hart - o novo titular no gol da seleção inglesa e que deixou o experiente Shay Given na reserva do City. Para a segunda partida, os mesmos três volantes voltaram, mas em uma formação diferente.

A formação inicial das equipes

Mancini escalou o time no 4-2-3-1. De Jong foi o principal responsável pela marcação. Barry foi o segundo volante, mas com liberdade pra apoiar. Yaya Toure atuou mais adiantado pelo meio, da mesma forma que costuma jogar pela seleção da Costa do Marfim. Adam Johnson e James Milner começaram como titulares pelas pontas e o zagueiro Lescott foi improvisado na lateral esquerda.

Essa partida foi um belo exemplo de como o clássico 4-4-2 que o Liverpool usou leva desvantagem contra o moderno 4-2-3-1. Lucas e Gerrard estavam em minoria no meio-campo, contra De Jong, Barry e Yaya Toure. Quando os wingers centralizavam pra ajudar, o time ficava sem opções de ataque pelos lados. A dupla de ataque Fernando Torres e Ngog também não ajudou, mostrando pouco entrosamento. Ngog com suas limitações e Torres ainda em má fase. Com o capitão Gerrard muito recuado, o Liverpool não conseguia criar nada e o City dominava.

O primeiro gol do City, logo aos 13 minutos de jogo, deve ter deixado Fabio Capello contente: Adam Johnson lança Milner na linha fundo, que cruza rasteiro pro meio da área pra Barry, que completa pro fundo da rede. Adam Johnson deitou e rolou em cima de Agger, que não foi bem improvisado na lateral esquerda. Os Reds pouco fizeram pra mudar o panorama do jogo e dois gols de Tevez no segundo tempo fecharam o placar em 3x0.

Tevez, capitão do City comemora um de seus dois gols / Foto: Reuters

O Manchester City vence e convence, mostrando (pelo menos por enquanto) que a briga pelo título não vai ficar só na promessa. Por outro lado, o Liverpool não mostra sinais de melhora com o novo técnico Roy Hodgson e vai pelo caminho inverso, ladeira abaixo.

sábado, 21 de agosto de 2010

Arsenal 6x0 Blackpool: Wenger e seus garotos acabam com a alegria dos Tangerines

Três vira, seis acaba. Isso resume a partida entre Arsenal e Blackpool pela 2ª rodada da Premier League 2010/2011. Enquanto o Arsenal vinha com a obrigação de vencer o time teoricamente mais fraco do campeonato, o Blackpool estava animado com sua surpreendente estreia.

A formação inicial das duas equipes

Com as estrelas Fabregas e Van Persie no banco, o Arsenal ainda teve os desfalques do meia Nasri - que passou por uma cirurgia no joelho e ficará fora por um mês - e do zagueiro Koscielny, suspenso. Do time que empatou com o Liverpool na primeira rodada, três mudanças: o volante Song foi improvisado na zaga, Rosicky foi o armador central e Walcott começou jogando na ponta direita.

Os Seasiders (outro apelido do time laranja) vieram com um 4-3-3 defensivo na esperança de arrancar ao menos um empate. Apesar do Arsenal ter aberto o placar logo aos 12 minutos - Walcott - com uma certa facilidade, o empate não aconteceu por pouco. Taylor-Fletcher recebeu o cruzamento pela esquerda e, dentro da pequena área, cabeceou pra fora.

Mas ficou só no susto mesmo. Demonstrando muita falta de técnica, o Blackpool errava jogadas simples e perdia muito a bola no campo de defesa, criando boas chances para o adversário. O jogo estava decidido mais cedo que o esperado: aos 30 minutos, Chamakh recebe a bola livre na entrada da área e é derrubado por trás pelo zagueiro Evatt, que é expulso. Arshavin converte o pênalti.

Com um jogador a menos, a única esperança do Blackpool era não levar uma goleada histórica. Sylvestre foi substituído pelo zagueiro Keinan para recompor a defesa e o time passou a jogar num 4-4-1. Para o técnico Ian Holloway, o resultado poderia ter sido bem pior: "Fiquei aliviado que não foram 10, 12, 13, 14." Walcott marcou mais duas vezes, com Diaby e Chamakh fechando o placar em 6x0.

Apesar das recentes críticas sobre sua objetividade, Theo Walcott teve uma excelente performance e foi o melhor em campo. Sua velocidade deixou o seu marcador, Crainey, completamente perdido no jogo. O jovem de 21 anos criou boas jogadas e ainda marcou três gols, seu primeiro hat-trick pelos Gunners.

Outro que se destacou foi Rosicky, o maestro no meio-campo. E também o marroquino Chamakh que, apesar dos vários gols perdidos, deu bons passes e ainda marcou o seu de cabeça, sua principal característica.

No segundo tempo, entraram Fabregas, Van Persie e Vela. O espanhol e o holandês ainda ganham ritmo de jogo e não estão na melhor forma. Fabregas jogou mais recuado, no lugar de Diaby. Van Persie entrou no lugar de Arshavin mas jogou como centro-avante. Chamakh foi deslocado para a ponta direita, no lugar de Walcott, que foi substituído por Vela. Este foi jogar na ponta esquerda. O mexicano, aliás, fez uma bela jogada passando por quase toda a defesa adversária, mas foi bloqueado na hora do chute.

Walcott comemora / Foto: Sean Dempsey/PA

Apesar da vitória incontestável, o Arsenal ainda tem muito o que mostrar para ser um real candidato ao título. Sua defesa não foi testada e é bem possível que ainda cheguem reforços até o final do mês - as especulações falam de um zagueiro e um goleiro. O Blackpool acordou de seu sonho após a vitória na primeira partida e parece que vai penar muito na luta contra o rebaixamento.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Como joga o campeão da Libertadores

Muitos não acreditavam em Celso Roth, mas ele respondeu da melhor forma possível: em pouco tempo arrumou a casa no Inter e conquistou o título da Libertadores. Roth organizou o time de acordo com as virtudes de seus jogadores. Conforme mostrou o jornalista Eduardo Cecconi, foi uma importação correta do 4-2-3-1 europeu, a "formação do momento" no futebol.

O Inter que entrou em campo no jogo final da Libertadores

O 4-2-3-1 baseia-se na posse de bola. É um sistema onde os jogadores estão sempre em movimento, fazendo triangulações e dando várias possibilidades de jogada. Os meias extremos (ou wingers) centralizam quando a bola está do outro lado. Um lateral avança enquanto o outro recua. Dois volantes fazem a cobertura ao armador central, a peça mais importante desse esquema. E foi justamente Tinga um dos que mais brilharam no jogo do título.

Celso Roth costuma usar os dois wingers em posições invertidas - D'Alessandro, canhoto, na direita e Taison, destro, na esquerda, com os dois se aproximando do armador pelo centro. Porém, o que foi decisivo para o Internacional tanto na semifinal quanto na final foi a troca dessas posições - D'Alessandro na esquerda e Taison na direita. O que mostra polivalência e boas alternativas táticas.

O técnico colorado ainda foi recompensado ao ver suas substituições - Leandro Damião e Giuliano - fazerem os gols do título. Este último, aliás, não deve demorar a aparecer na seleção brasileira. Giuliano foi o capitão da seleção sub-20 no mundial em 2009 e o golaço que fez na vitória por 3x2 contra o Chivas veio pra coroar sua excelente fase.

O capitão Bolívar levanta a taça / Foto: Getty Images

Celso Roth mostrou competência e o Inter mostrou um futebol digno de campeão da América, pronto para desafiar outro time com o mesmo nome pelo título de campeão do mundo.

domingo, 15 de agosto de 2010

A surpreendente estreia do Blackpool

Começou a temporada 2010/2011 da Premier League, o campeonato inglês. Logo na primeira rodada, uma grande surpresa: o recém-promovido Blackpool venceu o Wigan por 4x0 jogando fora de casa.

Os Tangerines, como são conhecidos por causa da cor do uniforme, vêm para esta temporada como principais candidatos ao último lugar. Até mesmo o técnico Ian Holloway é pessimista quanto às chances de seu time, e declarou que sua equipe atual é ainda mais fraca que a que disputou a segunda divisão temporada passada. Os principais jogadores saíram e vários outros chegaram, mas Holloway ainda espera por mais reforços.

Harewood, em sua estreia pelo Blackpool, marcou duas vezes

Aproveitando-se de uma apresentação muito fraca de seu adversário, o Blackpool definiu o jogo logo no primeiro tempo, fazendo três gols. Na segunda etapa, uma falha do goleiro Kirkland, que deixou uma bola cruzada entrar direto no gol, fechou o placar em 4x0, com muitas vaias da torcida local.

O Wigan já havia tomado várias goleadas na temporada passada - 4x0 para Arsenal, Bolton e Portsmouth, 5x0 para o Manchester United duas vezes, 8x0 para o Chelsea e 9x1 para o Tottenham -, além de uma derrota por 4x1 para o próprio Blackpool na Copa da Liga.

O momento é de festa para os Tangerines, que não jogavam a primeira divisão desde 1971. Mas a missão de permancer na elite do futebol inglês não será nada fácil. O time não é forte e ainda é um grande candidato ao rebaixamento. Veremos nas próximas rodadas se foi apenas um "golpe de sorte" ou se há potencial para uma boa campanha. O próximo adversário do Blackpool é "apenas" o Arsenal, no Emirates Stadium.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Bem diferente de 57 anos atrás

Conforme escrevi em outro post, uma das partidas mais importantes da história do futebol foi o amistoso onde a Hungria destruiu a Inglaterra em Wembley, em 1953. 57 anos depois, as duas equipes mais uma vez se encontram no mesmo palco. Mas em situações muito diferentes daquela época.

Na Hungria, só restam as lembranças da geração de ouro de Puskás e companhia nos anos 50. Nas décadas seguintes, seu futebol foi se enfraquecendo até não ter mais expressividade nenhuma internacionalmente. Porém, há uma certa esperança que esse cenário comece a mudar. A federação húngara tem um novo presidente, e a seleção, um novo técnico. A geração que surge agora e já conseguiu um terceiro lugar no Mundial Sub-20 em 2009 é o principal indício de que dias melhores virão. Mas a renovação é lenta. Apenas o capitão desse time, o jogador da Sampdoria Vladimir Koman foi convocado para o último amistoso. Como bem resumiu o jornalista inglês Jonathan Wilson, a Hungria inicia sua trajetória rumo à Euro 2012 com uma cautela otimista.

Theo Walcott causou muitos problemas à defesa da Hungria / Foto: Getty Images

Pelo lado da Inglaterra, a situação estava complicada depois da campanha vergonhosa na África do Sul. O que mais se falava era no quanto o time seria vaiado. Não vencer a Hungria seria mais um vexame.

Surpreendentemente, o que se viu em campo foi uma Inglaterra que pressionava desde o início do jogo. Mais surpreendente ainda foi a atuação de Walcott, que, nos 45 minutos que jogou, criou boas jogadas e deve ter deixado Capello arrependido de não o ter levado à Copa.

Porém, a Inglaterra não conseguiu abrir o placar mesmo com uma boa performance no primeiro tempo e o público começou a vaiar. Aos 17 minutos do segundo, após falha do zagueiro Dawson, Koman cruza e Jagielka desvia pra dentro do próprio gol. Hungria 1x0 e muitas vaias em Wembley. Detalhe que a bola não chegou a cruzar a linha do gol, mas o juiz validou mesmo assim. Só que o sofrimento durou pouco para os ingleses. 11 minutos depois, Steven Gerrard já tinha virado o jogo com dois golaços.

A Inglaterra venceu por 2x1 com uma boa performance e acalmou seus torcedores. Capello testou várias formações na partida e também jogadores novos. A maior preocupação ainda é Wayne Rooney, que perdeu seu futebol antes da Copa do Mundo e ainda não conseguiu encontrar de volta.

Veja os melhores momentos:


Apenas como curiosidade, a Hungria vai continuar se lembrando daquela partida em 1953 como a primeira e única vez que venceu em Wembley. Em todas as outras sete ocasiões que jogou por lá, os ingleses saíram com a vitória.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

EUA 0x2 Brasil: A nova Seleção começa bem

A renovada seleção de Mano Menezes não poderia começar de forma melhor: venceu, convenceu e jogou bonito. Jogando no estádio New Meadowlands, em Nova Jersey, o Brasil dominou a partida e venceu sem dificuldades os donos da casa.


O time que entrou em campo foi quase o mesmo que eu já tinha sugerido em um post anterior. Como já era esperado, o Brasil foi com o 4-2-3-1 que Mano Menezes estava acostumado a usar no Corinthians.

Os Estados Unidos vieram com o usual 4-4-2, com apenas dois jogadores que não foram à Copa do Mundo: Gonzales e Bedoya. Porém, seis mudanças no time titular: na zaga, Gonzales fez a parceria com o capitão Bocanegra. Spector ganhou a posição na lateral direita. Sem Dempsey, um de seus principais jogadores, Donovan atuou como segundo atacante, com Bedoya ocupando a meia direita, e Feilhaber, a esquerda. Buddle foi escolhido como centro-avante no lugar de Altidore. Edu também ganhou uma chance e fez a dupla de volantes com Bradley.

Os americanos até começaram pressionando e assustando, mas só nos primeiros 15 minutos. Donovan foi quem mais criou perigo. Porém, o Brasil logo se impôs, controlou a posse no campo de ataque e os americanos não viram mais a cor da bola.

Aos 27 minutos, Neymar e Robinho inverteram de posição. Robinho lança André Santos, que cruza na linha de fundo. Neymar escora de cabeça e faz seu primeiro gol pela Seleção.

Neymar comemora seu primeiro gol na seleção principal / Foto: Getty Images

Aos 45, jogada de Ganso, que passa pra Ramires. Enquanto a defesa americana fica em linha, Ramires lança Alexandre Pato que fica cara a cara com o goleiro. Ele só dribla Howard e marca o segundo.

No segundo tempo, o Brasil continuou ofensivo. Poderia ter marcado mais gols, mas os chutes de Robinho e Ganso acertaram a trave. Neymar e Pato também tiveram boas chances. Mas o placar continuou o mesmo do primeiro tempo. O goleiro Guzan, que entrou no lugar de Howard, teve boa atuação.

O Brasil fez várias substituições do meio-campo pra frente. Entraram André, Éderson, Carlos Eduardo, Diego Tardelli, Hernanes e Jucilei. A triste nota fica pra Éderson, que logo na primeira jogada teve uma lesão muscular e teve que ser substituído. Ficou apenas três minutos em campo.

Os Estados Unidos sofreram com seus laterais fracos na marcação e a falta de um organizador no meio-campo - já que Donovan estava como segundo atacante. O técnico Bob Bradley até tentou ser mais ofensivo e colocou os atacantes Altidore, Findley e Gomez. Mas não dá pra esperar muita coisa de uma seleção americana sem Dempsey e Donovan (este último foi substituído). Logo, eles não ofereceram muito perigo pelo resto da partida.

Uma exibição impecável da seleção brasileira. É verdade que os americanos contribuíram e jogaram abaixo do esperado, mas não foi nada mal para uma estreia. Minha maior alegria foi ver em campo o novo camisa 10 da seleção brasileira, Paulo Henrique Ganso. Ele é o "clássico" camisa 10, um jogador inteligente que domina o meio-campo e comanda o jogo. Jogou com tranquilidade e não sentiu o peso da camisa, assim como o resto do time. Com convicção, aposto nele para o próximo grande craque do Brasil e do mundo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O gol "de cara" de Javier Hernandez

Neste domingo, dia 8 de agosto, aconteceu na Inglaterra o Community Shield, conhecido por aqui como Supercopa da Inglaterra, torneio de apenas uma partida onde o campeão da liga nacional enfrenta o campeão da copa nacional. É também o jogo que dá o pontapé inicial para a nova temporada. Como o Chelsea venceu as duas competições em 2009/2010, o adversário foi o segundo colocado no campeonato inglês, o Manchester United.

Veja no site da FA os melhores momentos do jogo. O destaque foi o segundo gol do United (aos 3:00 no vídeo), marcado pelo mexicano Javier "Chicharito" Hernandez, recém-contratado do Chivas Guadalajara após a Copa do Mundo. No cruzamento rasteiro do equatoriano Valencia, Hernandez chuta todo desequilibrado, a bola acerta seu próprio rosto e vai pra dentro do gol.

Apesar do gol desengonçado e com um pouco de sorte, o mexicano de 22 anos é habilidoso e há grandes expectativas sobre ele. Depois de fazer uma boa pré-temporada, já marcou em seu primeiro jogo oficial com a camisa dos Red Devils.

O Manchester United venceu por 3x1 e se consolidou como a equipe que mais tem títulos da competição: 18. O Liverpool venceu 15 vezes e o Arsenal 12.

Chicharito e Berbatov comemoram / Foto: ManUtd.com

sábado, 7 de agosto de 2010

A Escócia inventou a eliminação da Copa do Mundo

A frase do título deste post é creditada a um jornalista da BBC, em relação às formas dramáticas que a Escócia encontrou de ser eliminada das Copas que participou.

Tudo começou nas eliminatórias para a Copa de 1950, a primeira que os países do Reino Unido tiveram a chance de participar. Conforme já falei no post sobre a Inglaterra, os países britânicos ignoraram as primeiras três Copas do Mundo e só voltaram a fazer parte da FIFA após a II Guerra Mundial.

Tradicionalmente, acontecia todos os anos o British Home Championship, um torneio envolvendo Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. A FIFA decidiu que os dois primeiros colocados ganhariam vaga para a Copa no Brasil. Porém - numa decisão que seria impensável atualmente -, o secretário da Scottish Football Association, George Graham, declarou que a Escócia só iria à Copa do Mundo como campeões britânicos.

Tudo começou bem, com a Escócia vencendo a Irlanda do Norte fora de casa por 8x2 e, em seguida, derrotando o País de Gales por 2x0 em Glasgow. A Inglaterra fez até melhor: 9x2 contra a Irlanda do Norte em Wembley e 4x1 contra o País de Gales em Cardiff. Ingleses e escoceses fariam a partida final no Hampden Park, em Glasgow. A Escócia precisava de pelo menos um empate para terminar como campeã em conjunto com a Inglaterra e garantir a classificação - ainda não eram usados critérios de desempate. Os ingleses já haviam declarado que iriam à Copa mesmo com o segundo lugar, então a pressão estava toda do lado escocês.

Com um gol de Roy Bentley aos 18 minutos do segundo tempo, a Inglaterra venceu por 1x0, conquistando o título e acabando com o sonho da Escócia de ir à sua primeira Copa do Mundo. Desesperados, os jogadores imploraram aos executivos da SFA que voltassem atrás e aceitassem a vaga que era deles por direito. Porém, o orgulho falou mais alto e a palavra de Graham foi mantida.

Em 1954, mais uma vez a Escócia perdeu para a Inglaterra e ficou com o segundo lugar. Porém, desta vez a SFA não falou mais do que deveria e levou seu time à Suíça. Mas parece que os executivos não pensaram muito no time - mesmo com a possibilidade de levar 22 jogadores, apenas 13 foram ao mundial, conforme relatou o ex-jogador Tommy Docherty. Segundo ele, a SFA não pagaria as despesas de mais jogadores, mas o avião que levou o grupo estava cheio de executivos e suas esposas. Docherty diz que esse descaso aos jogadores causou o fracasso escocês tanto em 1954 quanto em 1958, quando foram eliminados na primeira fase. A Escócia não tinha nem técnico na época! Era o comitê da SFA quem escalava os jogadores, e um treinador (ou preparador físico) quem chegava mais perto do papel de um técnico.

Mas as eliminações dramáticas ainda estavam por vir. Depois de uma ausência de 16 anos, a Escócia se classificou para a Copa de 1974, na Alemanha, e acabou ficando marcada como a primeira equipe a ser eliminada mesmo sem perder nenhum jogo. Com uma vitória contra o Zaire (2x0) e empates contra Brasil (0x0) e Iugoslávia (1x1), os escoceses foram desclassificados por terem um gol de saldo a menos que o Brasil. As partidas contra o Zaire foram o diferencial - O Brasil venceu por 3x0 enquanto a Iugoslávia emplacou uma goleada de 9x0.

Em 1978, a Escócia foi à Argentina com grandes expectativas. O sempre entusiasmado e confiante técnico Ally MacLeod declarou que seu time, se não ganhasse a Copa do Mundo, certamente voltaria pra casa com uma medalha. A euforia da torcida era tão grande que, antes da partida da seleção para a Argentina, os jogadores desfilaram para um Hampden Park lotado. Eles acreditavam que poderiam ser campeões.

Entretanto, as coisas se complicaram logo na primeira partida, contra o Peru. Apesar de terem marcado o primeiro gol, eles sofreram a virada e os peruanos venceram por 3x1, com dois gols do destaque Teofilo Cubillas. Pra piorar ainda mais, o atacante Willie Johnston foi pego no anti-doping e banido da competição.

Na segunda partida, contra o estreante Irã, a vitória era dada como certa. Mas não foi o que aconteceu. Mais uma vez os escoceses marcaram o primeiro gol e depois sofreram o empate. Jogando mal, não seria uma surpresa se tivessem perdido mais uma. A imagem de MacLeod com a mão na cabeça resumia a decepção de um país inteiro. Aquilo era um verdadeiro desastre.

 A imagem do técnico Ally MacLeod com a mão na cabeça tornou-se um símbolo do fracasso de 1978

No último jogo, a poderosa Holanda, atual vice-campeã mundial e uma das favoritas ao título. A Escócia precisava vencer por três gols de diferença. Missão impossível? É o que parecia, mas o jogo reservava surpresas. A Holanda ainda saiu na frente aos 34 do primeiro tempo, com gol de pênalti de Rob Rensenbrink. Kenny Dalgish empatou no final do primeiro tempo e, logo no início do segundo, Archie Gemmill marcou de pênalti para fazer 2x1 e dar esperança aos escoceses. Aos 23 minutos, o mesmo Gemmill marca um golaço e deixa seu time a um gol da classificação que parecia impossível. Mas a alegria durou pouco. Três minutos depois, Johnny Rep diminui e joga um balde de água fria nas esperanças da Escócia, que mais uma vez foi eliminada no saldo de gols.

Em 1982 a história não foi diferente. Na fase de grupos, com uma vitória sobre a Nova Zelândia (5x2), uma derrota para o Brasil (4x1) e um empate contra a União Soviética (2x2), era a terceira vez seguida que a Escócia era eliminada no saldo de gols.

1986 nem merecia ser citado. Mesmo com o comando de Alex Ferguson, a Escócia ficou em último lugar em seu grupo, com derrotas para Dinamarca (1x0) e Alemanha (2x1) e um empate sem gols contra o Uruguai.

Em 1990 a Escócia começou com mais um vexame, derrota para a estreante Costa Rica (1x0). Na segunda partida, o time se recuperou e venceu a Suécia por 2x1. No terceiro jogo, contra o Brasil, um empate era o que os escoceses precisavam para se classificar. Eles conseguiram segurar o placar por quase o jogo inteiro, mas Muller marcou aos 37 do segundo tempo e o Brasil venceu por 1x0. Ainda havia a chance de se classificar como um dos melhores terceiros colocados se o Uruguai não derrotasse a Coreia do Sul. Era o que acontecia, até que o Uruguai marcou nos acréscimos.

Depois disso, a Escócia só voltou a uma Copa em 1998. Derrota para o Brasil (2x1), empate contra a Noruega (1x1) e derrota contra Marrocos (3x0) foi a fraca campanha que fez o time ficar em último lugar no grupo.

Apesar de serem os "co-criadores" do esporte e terem uma das torcidas mais fanáticas do mundo, os escoceses nunca tiveram muitas alegrias com sua seleção. Em oito participações, nunca passaram da primeira fase. Se levarmos em contra os eventos de 1950, dá pra dizer que o título deste post descreve perfeitamente a frustração do torcedor com a seleção da Escócia.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Dois times ofensivos, um belo jogo e um grande campeão

Apesar da vantagem de dois gols do primeiro jogo, o Santos não foi a Salvador para se defender. Continuou com o seu ofensivo 4-3-3 e, na despedida de Robinho e André, garantiu o título da Copa do Brasil. O Vitória fez o que tinha que fazer - foi pro ataque, criou chances, conseguiu dois gols mas teve a infelicidade de sofrer um em casa.


O rubro-negro precisava de gols. Pra isso, o técnico Ricardo Silva mudou sua formação habitual e escalou Júnior e Schwenck, dois atacantes de área. Ramon e Elkeson faziam a amação com Neto Coruja e Bida dando proteção à defesa, num 4-4-2 que pode-se chamar de 4-2-2-2.

Com o apoio da torcida, o Vitória partiu pro ataque no início do jogo, mas a chuva pesada atrapalhou a criação das jogadas. A melhor chance foi aos 8 minutos, num cruzamento de Schwenck onde Júnior cabeceou pra fora. Aos 18 minutos, Nino se machucou e teve que ser substituído. Entrou o zagueiro Gabriel, que jogou improvisado na lateral direita. A partir daí, o Vitória perdeu o apoio de um dos laterais, o que dificultou mais ainda o seu jogo pelo lado direito.

Aos 28, Schwenck teve a chance de chutar na entrada na área na frente do goleiro, mas Rafael fez boa defesa. O Santos pouco criava, não acertava seus passes rápidos e não incomodava muito. Mas quando chegou ao ataque, foi com perigo.

Aos 40, Elkeson chutou rasteiro de fora da área e a bola passou tirando tinta da trave. Aos 44, Neymar é derrubado perto da linha de fundo. Ele mesmo bate a falta, na barreira. No rebote, Neymar cruza na cabeça de Edu Dracena, que marca o gol. Um gol que tornava a missão do Vitória, que já era difícil, quase impossível. O rubro-negro baiano jogou melhor e teve mais chances de marcar, mas o primeiro tempo terminou 1x0 para o Santos.

Precisando de quatro gols, só restava ao Vitória atacar de qualquer maneira. Aos 6 minutos do segundo tempo, Júnior teve a chance de cabecear na frente do goleiro Rafael, mas mandou a bola pra fora, por cima do gol. Aos 11, em cobrança de escanteio, Ramon escora, Wallace domina no peito e chuta no canto. Gol do Vitória que dá esperança ao torcedor.

Mas foi o Santos que teve a melhor chance. Aos 21, Ganso ficou cara a cara com Viáfara. O goleiro colombiano fez milagre e mandou pra escanteio. Dois minutos depois, mais uma boa chance para o Santos. Marquinhos foi travado por Egídio na hora do chute. Aos 25, Renato, que havia acabado de entrar no lugar de Ramon, cabeceia no travessão.

O Vitória vira o jogo aos 32 minutos, num belo passe de Neto Coruja para Júnior, que chutou na saída de Rafael, por cima do goleiro. Mas foi só. Desgastados pela chuva e pelo campo ruim, os rubro-negros não tiveram forças para pressionar nos minutos finais. O time baiano lutou, jogou com raça mas não foi o suficiente. O Santos foi incontestavelmente o melhor time da competição e levantou a taça com méritos.

O Vitória também teve seus méritos de ter chegado à final, jogando de forma ofensiva, vencendo todos os jogos em casa sem tomar nenhum gol. Só teve o azar de encontrar pela frente um time que também joga no ataque, só que com mais técnica. Vamos ver se os baianos vão sentir essa derrota ou se conseguem uma boa campanha nas competições que ainda disputam esse ano, Brasileiro e Sul-Americana.

Ao Santos, há a preocupação de que o time pode começar a pensar só na Libertadores do ano que vem e esquecer que ainda tem muita coisa pela frente este ano. E, claro, talvez o maior medo do torcedor seja o desmanche da equipe. É inevitável que alguns jogadores saiam, mas que continue o futebol-arte - é muito bom ver um time assim ser campeão no país do 3-5-2.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

1950 - Estados Unidos 1x0 Inglaterra

Copa do Mundo de 1950. Estádio Independência, em Belo Horizonte. A Inglaterra, uma das favoritas a levar o título, enfrenta os Estados Unidos, um time formado às pressas onde a maioria dos jogadores nem eram profissionais. Nas casas de apostas inglesas, uma vitória norte-americana era cotada em até 500 pra 1. Aquela vitória de 1x0 dos "amadores" contra os autoentitulados "reis do futebol" foi considerada pelos ingleses a maior zebra de todas as Copas.

A seleção americana e seu uniforme que ganhou uma versão parecida em 2010

Era a estreia de um país britânico numa Copa do Mundo. As quatro nações do Reino Unido - Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales - haviam se retirado da FIFA após a Primeira Guerra Mundial, pois não queriam relações com seus inimigos de guerra. Arrogância e orgulho também fizeram parte dessa decisão, pois acreditava-se que o futebol jogado no "continente" era inferior. Após a II Guerra Mundial, os britânicos voltaram a fazer parte da FIFA e a Inglaterra se classificou para a Copa de 1950, no Brasil.

A FA - The Football Association, a federação inglesa - não levava muito a sério a Copa do Mundo. Tanto que, ao mesmo tempo que começava a competição, uma "outra seleção" inglesa foi mandada ao Canadá em uma excursão. A estrela do time, Stanley Matthews - um dos melhores do mundo na época - também foi ao Canadá, para desespero do técnico Walter Winterbottom, que não pôde levar todos os jogadores que queria.

Matthews logo foi liberado para ir ao Brasil, mas não a tempo de jogar a primeira partida. Não teve problema; mesmo sem jogar muito bem a Inglaterra venceu o Chile por 2x0, gols de Stan Mortensen e Wilf Mannion. Por outro lado, os Estados Unidos perderam para a Espanha por 3x1. Os americanos até saíram na frente, mas não conseguiram segurar o resultado e levaram três gols nos 15 minutos finais.

A expectativa era que o time inglês sofresse mudanças para a segunda rodada, mas não foi o que aconteceu. Naquela época, não era o técnico quem escolhia os onze titulares para cada partida, e sim um comitê, que no caso era composto de apenas uma pessoa, Arthur Drewry - este que inclusive foi presidente da FIFA anos mais tarde. Drewry acreditou no "em time que está ganhando não se mexe" e escalou a mesma equipe da primeira partida. Como substituições ainda não eram permitidas, Matthews teve que assistir todo o jogo do banco.

A Inglaterra vinha com uma campanha de 23 vitórias, 3 empates e 4 derrotas no pós-guerra. Os Estados Unidos acumulavam derrotas em sequência, como um 9x0 contra a Itália em um recente jogo treino. Nem os americanos acreditavam num bom resultado - seu próprio técnico, o escocês William "Bill" Jeffrey, havia declarado à imprensa que seu time não tinha chances de ganhar.

Quando a bola rolou, parecia mesmo que seria um massacre. A Inglaterra atacava sem parar, mas, entre bolas na trave, chutes pra fora e defesas salvadoras do goleiro Frank Borghi, o placar não se alterava. Aos 38 minutos do primeiro tempo, algo raro de se ver: os Estados Unidos no campo de ataque. Ed McIlvenny cobra o lateral, Walter Bahr recebe, avança um pouco e manda a bola na área. Na frente do goleiro inglês, a bola é desviada pelo atacante haitiano Joe Gaetjens e vai pro fundo do gol.

Gaetjens faz um improvável gol que não ficou registrado em filme - há apenas fotos do lance

A partir daí, o time americano se animou e passou a jogar com mais confiança. A Inglaterra sufocava na base do desespero, mas Borghi sempre aparecia pra salvar a pátria. Não teve jeito, não era o dia dos ingleses. A partida acabou 1x0 e os americanos foram carregados pela multidão como heróis.

Como jogaram os dois times:

Estados Unidos: Frank Borghi, Harry Keough e Joe Maca; Ed McIlvenny, Charles Colombo e Walter Bahr; Frank Wallace, Gino Pariani, Joe Gaetjens, John Souza e Ed Souza. Técnico: Bill Jeffrey.

Inglaterra: Bert Williams, Alf Ramsey, Jack Aston e Billy Wright; Laurie Hughes e Jimmy Dickinson; Tom Finney, Wilf Mannion, Roy Bentley, Stan Mortensen e Jimmy Mullen. Técnico: Walter Winterbottom.

Os ingleses protestaram que o time americano tinha jogadores de outras nacionalidades. Só entre os que jogaram aquela histórica partida, Gaetjens era haitiano, Maca era belga e McIlvenny era escocês. Porém, todos eles haviam declarado interesse em adquirir a cidadania americana, o que, pelas regras da federação americana, já era suficiente para que pudessem defender a seleção. No final das contas, apenas Joe Maca ganhou a cidadania americana. Os outros foram jogar na Europa.

Na sequência da competição, a Inglaterra enfrentou a Espanha, com quatro mudanças no time - Matthews finalmente fez sua estreia. Mas os ingleses deram vexame novamente, perderam por 1x0 e foram eliminados. Os Estados Unidos também perderam - 5x2 para o Chile -, mas foram pra casa com a sensação de dever cumprido.

Apesar de tudo, o grande feito passou despercebido pela maioria dos americanos. Como o "soccer" não era muito popular, quase nenhum jornal noticiou a Copa do Mundo. Até mesmo os próprios jogadores só foram se dar conta da importância daquela vitória anos mais tarde, quando o futebol passou a ser mais divulgado pela mídia. O time de 1950 foi para o Hall da Fama do esporte em 1976.

Gaetjens, autor do gol da vitória, era um estudante de intercâmbio e trabalhava em um restaurante como lavador de pratos. Em 1964, foi morto de forma obscura no Haiti durante uma rebelião política.

Na Inglaterra também não houve muita repercussão. Na época, os jornais tinham apenas uma página para esportes e, justo naquele dia, a seleção inglesa de críquete havia perdido pela primeira vez na história, para as Índias Ocidentais. Foi colocada apenas uma nota com o resultado da partida de futebol. Detalhe: tão inesperado foi aquele resultado, os jornais publicaram que a Inglaterra havia vencido por 10x1, achando que aquele 0x1 foi um erro de escrita.

A Inglaterra jogou de azul aquele dia. Desde então, eles evitaram usar esse uniforme novamente, tamanha foi a dor daquela derrota. Parece que era moda na época. Afinal, o Brasil também resolveu mudar seu uniforme e não se vestiu mais de branco por causa da derrota para o Uruguai em 1950.