quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FC Tokyo 1x2 Kashima Antlers: Com gol nos acréscimos da prorrogação, Antlers vai à final da Copa do Imperador

Koroki, Sasaki e Araiba comemoram a classificação / Foto: Site oficial do Kashima Antlers

Jogando em casa e com o apoio de sua torcida, o FC Tokyo jogou bem contra o favorito Kashima Antlers, e segurava com valentia o empate em 1x1 até os 15 minutos do segundo tempo da prorrogação, quando, em um lance fatídico, o artilheiro Shinzo Koroki marcou e acabou com o sonho da equipe da capital. A tradicional Copa do Imperador - torneio mais antigo disputado no Japão, que é realizado desde 1921 - era a única esperança do Tokyo salvar uma temporada que acabou de forma decepcionante com o rebaixamento na J-League.

A J1 também havia acabado de forma ruim para o Kashima. Com um empate na última rodada, o time caiu para a 4ª posição e perdeu a vaga na Liga dos Campeões da Ásia (ACL). Porém, como o campeão da Copa do Imperador também garante vaga na ACL, o Antlers aposta agora todas as suas fichas nesta competição.

A formação inicial das equipes

A equipe do técnico Oswaldo de Oliveira jogou no seu tradicional 4-2-2-2. Sem os brasileiros Marquinhos e Gilton, que não quiseram renovar o contrato e estão de volta ao Brasil, Miyazaki entrou na lateral esquerda e Osako faz agora a dupla de ataque junto com Koroki. O veterano zagueiro Go Oiwa, com 38 anos e prestes a se aposentar, entrou no lugar do lesionado e recém-convocado para a seleção japonesa Daiki Iwamasa.

O Kashima foi mais perigoso no início e criou boas chances de gol, que pararam no bom goleiro Shuichi Gonda - mais um convocado para defender os "samurais azuis". Apesar da superioridade, o Antlers não converteu seu domínio em gols, e quem saiu na frente foi o Tokyo: aos 39 minutos, num cruzamento da esquerda do brasileiro Ricardinho, Hirayama pegou de meia-bicicleta e fez um golaço.

Depois do intervalo, Aoki entrou no lugar de Oiwa, mas jogou no meio-campo, com Koji Nakata recuando para a zaga. Com 16 minutos da segunda etapa, Motoyama substituiu o machucado Fellype Gabriel. Apesar do ímpeto ofensivo do Antlers, o Tokyo defendia bem. Só mesmo uma bela jogada para empatar a partida: passe de calcanhar de Nozawa para Koroki, que cruzou na cabeça de Osako, sem chance para o goleiro.

Com 1x1 no placar, o técnico Kiyosho Okuma trocou Suzuki por Ishikawa. Mas quem quase marcou foi o Kashima, em cobrança de falta já no fim do tempo regulamentar. Ogasawara cobrou bem, mas Gonda foi buscar e fez uma bela defesa pra salvar o Tokyo.

Para a prorrogação, o Tokyo estava mais ofensivo, com a entrada do atacante Oguro no lugar do lateral Mukuhara. Porém, toda essa ofensividade teve que ser sacrificada com a expulsão do volante Yonemoto, que fez falta dura por trás e merecidamente levou o segundo cartão amarelo.

Com isso, a única opção do time da capital era defender até o final e tentar a sorte nos pênaltis. Sua formação virou um 4-4-1 com Tokunaga na lateral direita e apenas Oguro na frente. A pressão do Kashima era imensa, mas bravamente o Tokyo se defendia.

Como ficaram as equipes no final da prorrogação depois das alterações 
Porém... Contudo... Todavia... Quando o relógio já marcava mais de 15 minutos do segundo tempo da prorrogação, no derradeiro lance da partida... Bola na área, Osako desvia e Koroki manda pro gol. O torcedor do Tokyo não acredita no que vê, enquanto o do Kashima vai à loucura. Uma vitória incrível que certamente ficará na memória de muitos torcedores.
A final, dia 1º de janeiro, será realizada no mesmo Estádio Olímpico de Tóquio e é tradicionalmente a partida final da temporada. O Kashima Antlers jogará contra o Shimizu S-Pulse, que derroutou o Gamba Osaka por 3x0 na outra semifinal.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Birmingham 1x1 Manchester United: Blues buscam o empate no final e impedem que o United se distancie na liderança

Apenas dois dias depois de vencer o Sunderland por 2x0, o Manchester United entrou em campo novamente pela Premier League. Os Diabos Vermelhos foram a Birmingham em busca da manutenção da liderança do campeonato, que havia sido temporariamente tomada pelo Manchester City, que derrotou o Aston Villa por 4x0.

Apesar de apenas dois dias de intervalo entre o último jogo, a equipe que entrou em campo foi praticamente a mesma. A única diferença foi a ausência de Ji-Sung Park, que foi servir a seleção da Coreia do Sul na Copa da Ásia. Gibson entrou em seu lugar.

O Birmingham, por outro lado, teve 17 dias de descanso desde a última partida, graças a um jogo adiado. 

A formação inicial das equipes

O primeiro tempo foi pouco movimentado. A maior - e única - chance do United foi um chute/cruzamento de Giggs que acertou a trave. Rooney, que só marcou um gol pelo seu clube esta temporada, jogou mais recuado e passou longe de desencantar. O Birmingham só tentou alguns chutes de longe, mas nenhum acertou o alvo. Os Blues confiavam em seu bom histórico jogando em casa pra parar o ataque adversário - eram apenas 6 gols sofridos em 9 partidas, além de uma única derrota nos últimos 16 meses.

No segundo tempo, pouca coisa mudou, apesar de mais chances serem criadas. Logo aos 7 minutos, a equipe da casa teve sua primeira boa oportunidade. Depois de cobrança de escanteio, a bola sobrou para Gardner dentro da área, que emendou de primeira pro gol. Van der Sar defendeu com segurança. Cinco minutos depois, jogada rápida do ataque do United com Gibson e Berbatov. O búlgaro recebeu na entrada da área e chutou rasteiro, no canto do goleiro Ben Foster pra abrir o placar. Foi o 14º gol do artilheiro do campeonato.

Três minutos depois, Berbatov quase faz mais um. Desta vez, seu chute acertou a trave. O United poderia ter decidido o jogo, mas parecia que ia ficar só no 1x0 mesmo. O Birmingham não oferecia tanto perigo, mas no desespero dos minutos finais, depois de um cruzamento na área do Manchester, o grandalhão Zigic (que havia entrado no lugar de Beausejour) desvia a bola em um lance polêmico - teria sido com a mão? - e Lee Bowyer empata o jogo para delírio da torcida no St. Andrew's.

Foi a clássica história do time que poderia ter decidido o jogo, mas preferiu segurar o resultado e sofreu o empate no final. Um placar merecido para uma partida onde nenhum time foi realmente muito superior, mas com sabor de derrota pro torcedor do Manchester, que esperava ver seu time isolado na liderança da Premier League, mesmo com jogos atrasados a serem realizados.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Arsenal 3x1 Chelsea: Domínio do início ao fim e vitória "surpreendente" do time da casa

Na Premier League mais disputada dos últimos anos, o Arsenal tinha boas chances de finalmente derrotar o Chelsea depois de 25 meses. A equipe de Carlo Ancelotti sofre com seu elenco reduzido, lesões e, consequentemente, a sequência de maus resultados - nas últimas sete partidas, a única vitória foi contra o modesto Zilina pela Liga dos Campeões. A boa notícia para os Blues era que Frank Lampard finalmente estava de volta e Didier Drogba mais uma vez enfrentou aquele que deve ser seu adversário preferido - o marfinense chegou a 13 gols em 13 jogos contra o time de Arsene Wenger.

Porém, desta vez, a defesa de Wenger, mesmo não passando toda aquela confiança, conseguiu parar o seu usual carrasco. Sem precisar fazer nenhuma alteração, o jogo foi decidido logo aos 8 minutos do segundo tempo, quando Theo Walcott se aproveitou de mais uma falha na defesa dos Blues pra fazer 3x0 e incendiar a torcida no Emirates Stadium, que finalmente via de perto a vitória contra os rivais londrinos.

Arsenal no 4-2-3-1 e Chelsea no 4-3-3

O Arsenal começou no ataque mas não criava muito perigo. O Chelsea estava recuado mas criava mais chances, em erros do adversário. Depois de um erro de passe do zagueiro Koscielny, o Chelsea quase abriu um o placar em um contra-ataque. Parecia um filme repetido: o Arsenal atacava, o Chelsea defendia e nada acontecia. Incansável, Walcott participou muito do jogo, mas faltava objetividade. Nasri ainda não tinha aparecido muito, jogando do lado contrário ao que está acostumado - desta vez, Arshavin ficou no banco.

No final do primeiro tempo, o Arsenal apertou ainda mais, enquanto o Chelsea apenas confiava na sua defesa pra segurar o placar. Nasri chutou colocado de fora da área, mas Cech se esticou todo e fez uma defesa incrível. Parecia que estava tudo encaminhado para um 0x0 no intervalo, mas o Arsenal finalmente conseguiu furar a retranca adversária com toques rápidos. Na entrada da área, Wilshere passou pra Fabregas, que não conseguiu dominar e foi derrubado, mas a bola sobrou para Song, o elemento surpresa que chutou cruzado e fez 1x0.

Para o segundo tempo, o Chelsea voltou mais ofensivo, apesar de manter a mesma formação: Ramires entrou no lugar de Mikel, mas jogou pela direita, onde estava Essien; o ganês recuou pra fazer a função de primeiro volante. Mesmo com a proposta de jogo mais ofensiva, os Blues levaram um balde de água fria logo aos 6 minutos da segunda etapa: depois de uma roubada de bola mal pensada de Essien, a bola sobrou pra Walcott que, na frente de Cech, só precisou tocar de lado pra Fabregas empurrar pro gol. Dois minutos depois saiu o terceiro. Desatento, Malouda perdeu a bola pra Walcott, que deixou com Fabregas, pra receber de volta mais uma vez livre e chutar rasteiro no canto. 3x0 Arsenal.

Imediatamente, Ancelotti mudou sua equipe mais uma vez, colocando Kakuta no lugar de Malouda. Logo aos 12 minutos, Drogba cobrou falta, Ivanovic ganhou de Koscielny e desviou de cabeça pra fazer o gol e dar esperanças de uma reação. Com o recente histórico do Arsenal de não conseguir segurar resultados no final dos jogos, o torcedor do Chelsea acreditou ainda mais. Em sua alteração final, Bosingwa entrou no lugar de Paulo Ferreira, deixando o time mais ofensivo.

Mas nada adiantou. Com Diaby no lugar de Walcott, o Arsenal conseguiu segurar o placar sem tomar sufoco, além de quase marcar mais um gol com Nasri, livre na pequena área depois de uma falha de Kakuta, que não conseguiu afastar o cruzamento. Cech estava atento e defendeu.

Para o Chelsea, faltou ousadia, faltou jogar como time grande. Eles até fizeram um bom trabalho segurando o ataque adversário no início, mas os erros individuais custaram caro. Eles conseguiram apenas um chute a gol em toda a partida; Fabianski sofreu um gol e não fez nenhuma defesa além de parar (poucos) cruzamentos. A verdade é que o Chelsea é um time com poucas opções, com um elenco muito reduzido para manter o domínio na liga que tinha nos anos anteriores. Contratações são de extrema importância para tentar lutar por algo na temporada.

O Arsenal pressionou muito com e sem a bola, não deu chances ao adversário. Apesar de mais um gol sofrido em jogada de bola parada - pra variar -, o time foi bem defensivamente, com uma excelente partida do suíço Djourou. Foi uma vitória muito importante pra equipe do norte de Londres, que reassume a vice-liderança e continua na briga pelo título.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Marcus Tulio Tanaka, muito mais que "aquele que quebrou o braço de Drogba"

Até a última Copa do Mundo, o brasileiro naturalizado japonês Marcus Tulio Tanaka era pouco ou nada conhecido por aqui. E ainda ficou negativamente marcado - injustamente, diga-se de passagem - como "aquele que quebrou o braço de Drogba".

Tulio pela seleção japonesa / Foto: J-League World

Apesar de uma boa participação na Copa do Mundo de 2010 com uma seleção japonesa que chegou desacreditada, ficou a sensação de que dava pra ir além das oitavas de final. Com o Japão saindo de mansinho da Copa e as atenções voltadas para a estrela maior do time, Keisuke Honda, pouco se falou de Tulio, que fez apenas três faltas nas quatro partidas em que atuou.

O que muitos não sabem é que, além de ser um jogador fundamental tanto na seleção quanto no seu clube, Tulio também marca muitos gols e desde 2004 é sempre escolhido para a seleção da temporada da J-League, o campeonato japonês. Ele ainda foi o melhor do ano em 2006.

Nascido no Brasil, aos 15 anos se mudou para o Japão e começou sua carreira por lá, no Sanfrecce Hiroshima. Porém, o time foi rebaixado e na temporada seguinte ele jogou a segunda divisão pelo Mito Hollyhock, marcando 10 gols em 42 jogos. Contratado pelo Urawa Red Diamonds em 2004, Tulio começou uma carreira de sucesso que rendeu um título nacional - o primeiro da história do clube -, duas Copas do Imperador, uma Supercopa e uma Liga dos Campeões da Ásia. Foram 37 gols em 168 jogos pelos Reds.

Depois de desentendimentos com a diretoria do Urawa, Tulio se transferiu para o Nagoya Grampus em 2010 e mais uma vez ajudou sua equipe a ser campeã nacional pela primeira vez, além de marcar seis gols na temporada. Na seleção ele também não ficou devendo - foram oito gols em 43 partidas pelos "samurais azuis".

Infelizmente, Tulio não poderá defender sua seleção na Copa da Ásia, que acontece em janeiro de 2011 no Qatar. O jogador está no Brasil tratando de uma lesão no joelho. Provavelmente não ouviremos falar dele por aqui tão cedo, mas seria justo que Marcus Tulio Tanaka fosse lembrado mais pelos títulos, boas atuações e gols marcados do que pelo infeliz acidente com a estrela marfinense.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Nagoya Grampus, campeão da J-League 2010

Pela primeira vez na sua história, o Nagoya Grampus foi campeão japonês. O time comandado pelo sérvio Dragan Stojković assegurou o título com três rodadas de antecedência e fechou a temporada 2010 com 72 pontos, 10 a mais que o segundo colocado, Gamba Osaka. O Kashima Antlers, que havia sido campeão nos três anos anteriores, ficou apenas em 4º lugar.

O goleiro Narazaki e o técnico Stojikovic levantam a taça

Stojkovic é "discípulo" de Arsene Wenger. O sérvio jogou no Nagoya quando o francês treinou a equipe, em 1995-96, quando venceram a Copa do Imperador e a Supercopa, além de conseguirem a melhor colocação do time na J-League até hoje, um vice-campeonato. Stojkovic se aposentou como jogador em 2001 e retornou ao clube em 2008 como treinador. Apesar da desconfiança da torcida devido à sua falta de experiência como ténico, logo na primeira temporada ele levou o Nagoya ao 3º lugar na J-League e à vaga na AFC Champions League pela primeira vez na história do clube. No ano seguinte, não teve tanto sucesso no campeonato nacional (9º lugar) mas chegou à semifinal da competição continental. Agora, em 2010, pela primeira vez o time é campeão nacional. Outro momento de destaque do técnico sérvio foi quando ele marcou um gol da área técnica, quando o goleiro adversário mandou a bola pra fora pra parar o jogo. Stojkovic acabou expulso pelo juiz pela brincadeira.


Time-base do Nagoya

O Nagoya Grampus é um time organizado e que conta com bons e experientes jogadores em todos os setores. Começando pelo gol, com o capitão Seigo Narazaki, que esteve nas últimas quatro Copas do Mundo pela seleção japonesa. Ele foi o único que jogou todas as 34 partidas da J1 2010*. 

Na defesa, o destaque é o nipo-brasileiro Marcus Tulio Tanaka, que é ídolo em Nagoya e ainda marcou 6 gols na temporada. Junto com ele, jogam também o grandalhão Takahiro Masukawa e os competentes laterais Hayuma Tanaka e Shohei Abe.

No meio-campo, o colombiano Danilson Córdoba dá proteção à zaga junto com Naoshi Nakamura. Mais à frente joga o brasileiro Magnum, sempre caindo pela esquerda.

No ataque, o Grampus tem a jovem promessa Mu Kanazaki, de 21 anos, e dois goleadores veteranos: Keiji Tamada e o australiano Joshua Kennedy - ambos estiveram na última Copa do Mundo. Kennedy foi o artilheiro da J1 2010, empatado com Ryoichi Maeda, do Jubilo Iwata, com 17 gols. Tamada também não ficou muito atrás, marcando 13 gols no campeonato, inclusive o gol do título.

O elenco ainda conta com alguns jogadores de destaque, como os meias Ogawa, o montenegrino Burzanovic e outro brasileiro naturalizado - Alessandro Santos, que jogou as Copas de 2002 e 2006 pela seleção japonesa.

A seleção do campeonato ainda contou com cinco jogadores do Nagoya: Narazaki - o MVP da competição -, Tulio, Musukawa, Danilson e Kennedy. Nada mais merecido para a equipe que foi sem dúvidas a melhor na temporada, com um futebol ofensivo mas ainda assim equilibrado entre ataque e defesa. "A minha filosofia é de jogar um futebol ofensivo, sempre pra frente", declarou Stojkovic. "Nunca mudamos de acordo com o adversário. Nós vamos enfrentar o Kashima, os campeões [da última temporada], com a mesma mentalidade que enfrentamos qualquer time. Vamos entrar em campo pra jogar um belo e bom futebol e, é claro, vamos tentar vencer. Se olharem os resultados deste ano, temos apenas três empates. Esta é a resposta para quando nos perguntam como jogamos e como queremos jogar."


*Nota: J1 é como é chamada a primeira divisão da J-League, assim como a segunda divisão é chamada de J2.