terça-feira, 29 de março de 2011

Japão contra J-League: Amistoso beneficente ajuda as vítimas da tragédia

A bandeira assinada pelos jogadores / Foto: J.League Photos

Depois de passar pelo pior desastre natural da história do país, milhares de japoneses sofrem com a perda de parentes e amigos, enquanto centenas de mlhares perderam suas casas e precisam recomeçar tudo do zero. Nesse contexto, uma partida de futebol ou o cancelamento dos amistosos da seleção e das rodadas da J-League até abril parece algo insignificante. Para quem perdeu tudo o que tinha e depende da ajuda dos outros para reconstruir a vida, pode não ser o melhor momento para se falar de esporte ou diversão.

Porém, em prol dessas pessoas, o mundo todo se comoveu e ajudou de alguma forma. O esporte mostrou que ainda pode contribuir para aqueles que mais precisam: em um jogo beneficente realizado em Osaka, a seleção japonesa enfrentou um combinado da J-League, batizado de "Team as One" - um nome que representou a solidariedade e a determinação da liga, dos clubes, dos atletas e torcedores que, agindo juntos como um só, por um ideal maior, lutam em prol de reerguer o país, usando o futebol como ferramenta.

A partida aconteceu no Nagai Stadium, para um público de 40.613 expectadores, com um clima de emoção e otimismo incríveis. Em todo lugar haviam mensagens de incentivo para o país e também para os times mais afetados pelo desastre, como o Vegalta Sendai. Frases como "Ganbarou, Nippon" (Força, Japão) e "You will never walk alone" (Você nunca caminhará sozinho) tornaram-se o tema deste amistoso. Uma comovente demonstração de força e vontade de reconstruir o país dos japoneses.

Silêncio em memória das vítimas antes da partida / Foto: J.League Photos

O sérvio Dragan Stojkovic, atual campeão com o Nagoya Grampus, foi o técnico da seleção da J-League. Ele chamou 20 jogadores representando 14 clubes diferentes, formando um time com vários atletas experientes - muitos que já foram estrelas da seleção japonesa - e tambem algumas promessas. Entre tantas estrelas, uma delas era Kazu, que mesmo aos 44 anos está firme e forte no Yokohama FC da segunda divisão e recebeu essa merecida homenagem ao ser chamado por Stojkovic. Não se sabe ao certo se o uniforme amarelo e azul do time da J-League foi mais uma homenagem ao Vegalta Sendai, que teve o centro de treinamento arrasado pelo tsunami, ou foi uma referência às cores da bandeira do Fair Play. De qualquer forma, representando o time de Sendai, estavam lá os meias Sekiguchi e Yong-Gi. Confira a relação do time da J-League:

J-League Team as One

Goleiros
Yoshikatsu Kawaguchi (Júbilo Iwata)
Seigo Narazaki (Nagoya Grampus)

Laterais
Toru Araiba (Kashima Antlers)
Yuichi Komano (Júbilo Iwata)
Takanobu Komiyama (Kawasaki Frontale)

Zagueiros
Marcus Tulio Tanaka (Nagoya Grampus)
Yuji Nakazawa (Yokohama Marinos)
Teruyuki Moniwa (Cerezo Osaka)

Meias
Kunimitsu Sekiguchi (Vegalta Sendai)
Ryang Yong-Ji (Vegalta Sendai)
Mitsuo Ogasawara (Kashima Antlers)
Shinji Ono (Shimizu S-Pulse)
Kengo Nakamura (Kawasaki Frontale)
Shunsuke Nakamura (Yokohama Marinos)

Atacantes
Genki Haraguchi (Urawa Reds)
Mike Havenaar (Ventforet Kofu)
Shouki Hirai (Gamba Osaka)
Yoshito Okubo (Vissel Kobe)
Hisato Sato (Sanfrecce Hiroshima)
Kazuyoshi Miura (Yokohama FC)

A seleção do Japão foi quase a mesma que venceu a Copa da Ásia dois meses atrás, com pequenas mudanças. O técnico italiano Alberto Zaccheroni chamou um grupo de 26 jogadores. Mesmo não sendo um amistoso oficial, todos que atuam na Europa foram liberados por seus clubes. Veja a lista com os convocados:

Seleção do Japão

Goleiros
Eiji Kawashima (Lierse - Bélgica)
Shusaku Nishikawa (Sanfrecce Hiroshima)
Masaaki Higashiguchi (Albirex Niigata)

Laterais
Atsuto Uchida (Schalke 04 - Alemanha)
Yuto Nagatomo (Internazionale - Itália)

Zagueiros
Tomoaki Makino (Colônia - Alemanha)
Maya Yoshida (VVV-Venlo - Holanda)
Yasuyuki Konno (FC Tokyo)
Masahiko Inoha (Kashima Antlers)
Daiki Iwamasa (Kashima Antlers)
Ryota Moriwaki (Sanfrecce Hiroshima)
Yuzo Kurihara (Yokohama Marinos)

Meias
Yasuhito Endo (Gamba Osaka)
Makoto Hasebe (Wolfsburg - Alemanha)
Yuki Abe (Leicester City - Inglaterra)
Takuya Honda (Kashima Antlers)
Hajime Hosogai (Ausburg - Alemanha)
Yosuke Kashiwagi (Urawa Reds)
Daisuke Matsui (Grenoble - França)
Jungo Fujimoto (Nagoya Grampus)
Akihiro Ienaga (Mallorca - Espanha)
Keisuke Honda (CSKA Moskow - Rússia)
Takashi Inui (Cerezo Osaka)

Atacantes
Ryoichi Maeda (Júbilo Iwata)
Tadanari Lee (Sanfrecce Hiroshima)
Shinji Okazaki (Stuttgart - Alemanha)

Os times no início do jogo: a seleção japonesa no 3-4-3 e a seleção da J-League no 4-3-3

Zaccheroni aproveitou a oportunidade para testar sua formação preferida, o incomum 3-4-3. Konno, Yoshida e Inoha formaram o trio de defesa, com os volantes Endo e Hasebe logo à frente deles. Os laterais Uchida e Nagatomo ficaram bem mais avançados, praticamente como wingers. Na ataque, Honda jogou pelo lado direito, Okazaki pelo esquerdo e Maeda como centroavante.

Stojkovic foi com o 4-3-3 que já está acostumado a usar no Nagoya Grampus. Narazaki, titular do Japão na Copa de 2002 e MVP da J-League em 2010, começou no gol. A dupla de zaga foi formada por Tulio e Nakazawa, titulares da seleção de Takeshi Okada na Copa de 2010. Komano e Araiba foram os laterais. No meio-campo, três jogadores da "geração de ouro" do Japão: Ogasawara, Ono e Kengo Nakamura. Uma pequena surpresa aqui, já que o esperado era que o outro Nakamura, o Shunsuke, começasse como titular. No ataque, a expectativa era de quem jogaria como centroavante entre Kazu e Havenaar. Mas Stojkovic escolheu Sato, que teve a companhia de Okubo e do norte-coreano Yong-Gi.

Depois de um discurso dos capitães das duas equipes (Hasebe pelo Japão e Nakazawa pela J-League), todos os 22 jogadores formaram um círculo no meio do campo e fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas da tragédia, que foi rigorosamente respeitado.

Com a bola rolando, a seleção do Japão dominou no primeiro tempo, quando jogou com os titulares. Aos 14 minutos, Nakazawa errou na saída de bola e deu de presente para Honda, que avançava na direção do gol até ser derrubado por Kengo perto da grande área. Endo cobrou com perfeição e abriu o placar. Quatro minutos depois, Honda roubou a bola mais uma vez e deixou Okazaki na cara do gol. O atacante do Stuttgart só deu um toquinho por cima de Narazaki pra fazer 2x0. O primeiro tempo terminou assim, sem grandes chances para o time da J-League. Honda ainda poderia ter marcado o seu em um rápido contra-ataque, mas parou nas mãos de Narazaki.

As equipes na metade do segundo tempo: o Japão com a mesma formação, mas com os reservas em campo; a J-League com um time mais ofensivo, sem uma formação definida do meio pra frente, com dois meias ofensivos e quatro atacantes

No segundo tempo, praticamente todos os jogadores foram substituídos; afinal de contas, nada mais justo que todos os 46 atletas participarem desse evento histórico. Jogando com os reservas, o domínio que a seleção de Zaccheroni mostrou na primeira etapa não existia mais; quem comandava agora era a seleção da J-League, liderados por Shunsuke Nakamura. Com Kazu em campo, parecia ser o desejo de todos que ele fizesse um gol.

O "Rei" Kazu entrou no segundo tempo e marcou o gol do time da J-League / Foto: J.League Photos

E não deu outra: aos 36 minutos, Kawaguchi bateu pra frente, Tulio - que não perde uma chance de ir ao ataque - escorou de cabeça para Kazu, que concluiu com perfeição na saída do goleiro para fazer o gol da J-League, comemorando no melhor estilo brasileiro, com uma sambadinha. O estádio inteiro comemorou, o país inteiro comemorou. E muitos mundo afora também. Talvez ninguém naquele estádio merecesse mais do que ele marcar aquele gol. Assim como a seleção japonesa e a J-League devem muito do que são hoje a ele, Kazu retribuiu da melhor maneira que pode: colocando um sorriso no rosto de milhões.

Não tinha forma melhor de acabar um jogo onde pouco importava o time que fez mais gols. Todos comemoraram, todos saíram ganhando. Os times foram um só, o país foi um só. Esta partida e muitos outros gestos mostram o quanto o ser humano (ainda) é capaz de atos bonitos, e que o Japão tem toda a força que precisa para se levantar e seguir em frente.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A Inglaterra está adotando um 4-3-3?

Lampard fez de pênalti o primeiro gol da vitória contra o País de Gales, no Millennium Stadium, em Cardiff

Na partida contra o País de Gales pelas Eliminatórias da Euro 2012, Fabio Capello deu sinais de que pode finalmente mudar a formação padrão da Inglaterra. Há décadas sempre com o mesmo 4-4-2, o grande conservadorismo inglês é uma das (várias) causas atribuídas aos inúmeros fracassos históricos do English Team.

Jack Wilshere, jogador de 19 anos que firmou-se como titular no Arsenal esta temporada, é cada vez mais presença constante no time titular de Capello. Gerrard e Lampard, protagonistas de uma discussão que envolveu a maior parte da última década quanto à melhor forma de encaixar os dois no mesmo time, já estão na casa dos 30 anos, e eventualmente um deles vai perder a posição para Wilshere. Desta vez foi Gerrard que, lesionado, ficou de fora.

Contra o País de Gales, Wilshere fez uma ótima partida como segundo volante. Melhor ainda foi Scott Parker - provavelmente o melhor em campo - como o volante mais recuado cobrindo a defesa, dando liberdade para Lampard e Wilshere atacarem.

Na frente, Bent não é unanimidade, mas ainda é a melhor opção como centroavante, principalmente pela má fase de Rooney, que fez mais uma partida ruim. Por outro lado, Ashley Young estava sempre incomodando a defesa galesa e participou dos dois gols da vitória por 2x0.

O 4-3-3 da Inglaterra que venceu o defensivo 4-2-3-1 (ou 4-5-1) do País de Gales

Na prática, a Inglaterra precisou apenas de 14 minutos para definir a vitória. No primeiro gol, Cole e Terry fizeram uma rápida jogada pela esquerda, que serviu Young na área até que este foi derrubado. Pênalti que Lampard bateu e converteu. No segundo, Glen Johnson lançou do campo de defesa para Young, que corria por trás da zaga. Ele cruzou da linha da fundo para Bent que, na cara do gol, não desperdiçou.

É verdade que o País de Gales criou pouca ou nenhuma dificuldade para os ingleses. Aarom Ramsey, que aos 20 anos fez sua primeira partida como capitão da seleção galesa, ainda não está na melhor forma depois da gravíssima lesão que sofreu em fevereiro de 2010 - Ramsey havia quebrado o tornozelo jogando pelo Arsenal contra o Stoke City. Além disso, a ausência de Gareth Bale, melhor jogador galês em atividade hoje, foi um desfalque considerável.

Ramsey jogou muito recuado, e Morison, outro que não foi bem, ficou isolado demais. A intensa pressão na saída de bola que os ingleses faziam não deixava os galeses trocarem passes com facilidade. Sem criação, o resultado final foi nenhum chute no gol de Joe Hart.

Capello já havia testado várias formações anteriormente, mas sempre voltava para o 4-4-2 contra adversários mais fortes. A nova formação mostrou ser uma boa opção mesmo com o desempenho ruim do País de Gales. Segundo o treinador italiano, o 4-3-3 foi adotado porque era "mais adequado para enfrentar a formação do País de Gales." Vamos ver nos próximos jogos se o English Team finalmente deu um passo à frente ou vai voltar a decepcionar os torcedores.

domingo, 27 de março de 2011

Brasil 2x0 Escócia: Neymar e Lucas brilhando agora na seleção principal

 Neymar: dois gols e melhor em campo / Foto: Getty Images

A Escócia nunca venceu o Brasil, e agora soma oito derrotas e dois empates na história dos confrontos. No amistoso realizado no Emirates Stadium, em Londres, a "casa" do Brasil na Europa, os escoceses entraram em campo pensando apenas em se defender e, quem sabe, conseguir alguma coisa no ataque com um pouco de sorte. Júlio César precisou fazer uma única defesa em todo o jogo, em uma cobrança de falta de Bannan aos 43 do segundo tempo.

O Brasil finalmente voltou a vencer depois de duas incômodas derrotas por 1x0 - para Argentina e França - e finalmente voltará a jogar em casa em amistosos no mês de junho, em preparação para a Copa América: contra a Holanda em Goiânia e contra a Romênia em São Paulo.

A formação inicial das equipes

Mano Menezes mandou a campo o time que era esperado, com os desfalques de Pato, Nilmar e Marcelo. Craig Levein, o técnico escocês, também teve problemas em escalar seu time, desfalcado do lateral Phil Bardsley (Sunderland), do atacante Steven Naismith (Rangers) e do seu capitão, o volante Darren Fletcher (Manchester United).

Logo nos primeiros segundos, a Escócia foi pra cima e conseguiu uma falta em posição perigosa. O chute de Charlie Adam foi na barreira. Isso resume o ataque escocês no primeiro tempo. O Brasil dominou completamente, mas demorou a traduzir isso em gol. Parecia que a primeira etapa ficaria no 0x0, mas aos 41 minutos Neymar recebeu de André Santos na área, dominou e chutou no canto do goleiro McGregor para abrir o placar.

No segundo tempo também só deu Brasil. Logo na primeira jogada, Neymar carregou, avançou, chutou de fora da área e a bola passou raspando por cima do travessão. Em seguida, McGregor bateu curto o tiro de meta, McArthur bobeou e perdeu para Ramires, que ficou na cara do gol. O brasileiro tentou o toque de lado para Neymar, mas o goleiro se esticou todo e conseguiu cortar o passe. Leandro Damião ainda tentou concluir no rebote, mas McGregor abafou o chute à queima-roupa.

Damião, aliás, teve boas chances de marcar em sua estreia pela seleção, levando perigo na bola aérea. Em duas ocasiões, ele mandou para fora e em outra acertou o travessão. Outro estreante foi o meia Lucas, do São Paulo, que mesmo jogando apenas os 20 minutos finais foi um dos melhores em campo.

Quatro minutos depois de entrar no lugar de Jadson, Lucas passou para Neymar dentro da área, que foi derrubado por Adam. Pênalti que o próprio Neymar bateu e fez seu segundo gol na partida. Lucas ainda teve mais duas arrancadas onde saiu driblando escoceses e por pouco não saiu o terceiro gol. Em uma delas, Jonas - que entrou no lugar de Damião - recebeu livre, cara a cara com o goleiro e chutou com força demais, por cima do gol.

Foi uma vitória tranquila contra uma Escócia que não impôs muitas dificuldades. Esperava-se mais do time que deu trabalho à Espanha em outubro do ano passado, quando perderam por 3x2 no Hampden Park, em Glasgow. O placar poderia até ser maior se o árbitro inglês Howard Webb tivesse marcado pênalti em pelo menos uma das duas ocasiões onde a bola bateu no braço de Caldwell dentro da área - uma foi questionável, mas outra claramente foi pênalti, pois o zagueiro bloqueou com o braço aberto o chute de Jonas que ia para o gol.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Aos 44 anos, "King Kazu" vai jogar pela seleção da J-League em jogo beneficente contra a seleção do Japão


Kazuyoshi Miura, conhecido apenas como "Kazu", é uma lenda viva, a primeira grande estrela do futebol japonês. Nascido em Shizuoka em 1967, com 15 anos decidiu largar os estudos e, mesmo contra a vontade da família, veio sozinho para o Brasil em busca de um sonho: tornar-se jogador profissional de futebol. Começou nas categorias de base do Juventus, em 1982. Apesar de passar por dificuldades como morar nos alojamentos precários do clube e aprender uma língua totalmente diferente, Kazu começou sua carreira profissional em 1986, quando foi contratado pelo Santos. Pelos próximos quatro anos, o atacante passou por Palmeiras, Matsubara, CRB, XV de Jaú, Coritiba e finalmente voltou ao Santos.

Foi em Jaú que Kazu começou a se destacar, ao marcar um gol contra o Corinthians numa vitória por 3x2 em 1988. No ano seguinte, ele foi campeão paranaense pelo Coritiba. Em 1990, depois de boas atuações pelo Santos, ele encerrou com sucesso sua passagem pelo futebol brasileiro e decidiu voltar à sua terra.

Kazu chegou ao Japão com status de estrela, no momento em que se planejava a profissionalização do esporte com a criação da J-League. Em 1990/91 e 1991/92, Kazu foi campeão japonês com o Yomiuri FC, foi para a seleção e ainda ganhou o prêmio de melhor jogador no título da Copa da Ásia de 1992, realizada em Hiroshima, a primeira grande conquista dos Samurais Azuis e que trouxe um clima de otimismo enorme para a estreia da liga profissional, em 1993.

Com a profissionalização, os times deixaram de ser filiais de empresas e adotaram nomes próprios. O Yomiuri FC tornou-se Verdy Kawasaki (atual Verdy Tokyo) e continuou a ser a força dominante no início da era profissional, vencendo os títulos de 1993 e 1994. Jogando ao lado de estrelas como os brasileiros Ruy Ramos e Bismarck, Kazu estava no auge, foi o MVP da J-League em 1993 e era chamado de "King Kazu", ou "Rei Kazu".

Em 1994, ele não viu o Verdy ser campeão pelo quarto ano seguido, pois foi jogar na Europa pelo Genoa. Tendo marcado apenas um gol no Campeonato Italiano, Kazu voltou ao futebol japonês no ano seguinte, e jogou pelo Verdy mais quatro temporadas. Ainda teve uma breve passagem pelo Dinamo Zagred da Croácia em 1999, para depois disputar duas temporadas pelo Vissel Kobe, cinco pelo Kyoto Purple Sanga e finalmente ir para o Yokohama FC (atualmente na segunda divisão), onde joga até hoje. Em 2005, Kazu teve uma passagem relâmpago pelo Sidney FC, apenas para disputar o mundial de clubes.

Na seleção, Kazu teve a frustração de nunca disputar uma Copa do Mundo, com a fatídica perda da vaga para a Copa de 1994 no último jogo das Eliminatórias, partida que ficou conhecida como "A Agonia de Doha", e a não convocação para a Copa de 1998, mesmo sendo titular e marcando gols nas Eliminatórias. Com 55 gols em 89 jogos, ele é o segundo maior artilheiro da história da seleção.


Voltando aos dias atuais, depois da tragédia que devastou o Japão, todos os jogos da J-League foram cancelados até dia 23 de abril. Os amistosos da seleção japonesa que estavam planejados para 25 (Montenegro) e 29 de março (Nova Zelândia) também foram cancelados, mas surgiu a ideia de fazer um jogo beneficente entre a seleção e um combinado da J-League. Mesmo não sendo uma partida oficial, todos os jogadores que atuam na Europa tiveram permissão de seus clubes para jogar. Ou seja, a seleção vai jogar com força total - ou quase, já que Kagawa continua se recuperando de uma fratura no pé. A partida será disputada em Osaka, dia 29 de março, às 19:20 (7:20 no horário de Brasília).

Com 44 anos, Kazu é o jogador mais velho em atividade na J-League. Mas ele não pensa em parar tão cedo: quer quebrar o recorde de outra lenda, o inglês Stanley Matthews, que jogou até os 50 anos. O eterno camisa 11 já havia expressado sua vontade de participar dessa partida, e foi recompensado pelo técnico Dragan Stojkovic não só com a convocação - veja a lista completa aqui - , mas também com o posto de capitão do time que foi batizado de "J-League TEAM AS ONE". Como já dizia seu site oficial e sua frase preferida em português: Boa sorte, Kazu!

sexta-feira, 18 de março de 2011

AFC Champions League: Gamba e Cerezo são derrotados na China

Os times japoneses não se deram bem na segunda rodada da Liga dos Campeões da Ásia. Canceladas as partidas de Nagoya Grampus e Kashima Antlers, que seriam realizadas no Japão, devido ao desastre natural que devastou o país, tivemos apenas os jogos dos times que jogariam fora. Gamba e Cerezo foram à China e, apesar de toda a motivação extra de conseguir uma vitória pelas vítimas do quarto maior terremoto da história, dentro de campo os chineses foram melhores. A verdade é que jogar fora de casa continua sendo o maior desafio da ACL. Mesmo com todos os titulares, as equipes japonesas claramente não estavam na melhor forma física devido à longa viagem até a China, como admitiu o técnico do Gamba, Akira Nishino.

Tianjin Teda 2x1 Gamba Osaka

Apesar de ter entrado em campo com a mesma equipe que venceu o Melbourne Victory por 5x1 na estreia da ACL e o Cerezo Osaka por 2x1 na estreia da J-League, parece que o Gamba esqueceu o futebol no Japão. Com uma performance decepcionante, em nenhum momento os japoneses tiveram o controle do jogo. Os chineses são conhecidos por jogar duro e desta vez não foi diferente, mas o Gamba foi ainda mais violento e cometeu muitas faltas.

Os chineses abriram o placar aos 24 do primeiro tempo, quando Chen Tao tabelou com o argentino Luciano Olguín, que chutou forte no meio do gol. Parecia uma bola defensável, mas o goleiro Fujigaya foi pego no contrapé e não conseguiu defender. O Gamba conseguiu empatar seis minutos depois - Adriano deixou Lee Keun-Ho na cara do gol e o sul-coreano não desperdiçou. O zagueiro Yamaguchi se machucou numa dividida onde ele chutou mais a perna do jogador chinês do que a bola e foi substituído por Takagi no fim da primeira etapa.

No início do segundo tempo, o vice-campeão chinês definiu a vitória contra o vice-campeão japonês numa jogada onde o zagueiro Takagi errou completamente o tempo da bola e derrubou Chen Tao dentro da área. Pênalti que o zagueiro Cao Yang bateu bem e converteu. O jogo foi se arrastando até o final sem grandes chances para os dois times. Uma partida para se esquecer para o time de Osaka.

O Tianjin Teda agora lidera o Grupo E, com duas vitórias, enquanto o Gamba Osaka caiu para segundo, com o mesmo número de pontos mas saldo melhor que o sul-coreano Jeju United, que venceu o lanterna Melbourne Victory na Austrália por 2x1.



Shandong Luneng 2x0 Cerezo Osaka

Ao contrário da partida anterior, o duelo entre o campeão chinês e o terceiro colocado da J-League em 2010 foi um jogo mais limpo e aberto. O Cerezo não jogou mal, poderia até ter marcado um golzinho se tivesse um pouco mais de sorte, mas a verdade é que o time chinês foi mais competente e venceu de forma incontestável.

A formação inicial das equipes - Cerezo com todos os titulares no habitual 4-2-3-1 e Shandong num 4-5-1

No primeiro tempo, Martinez, ex-Palmeiras e Cruzeiro, cobrou falta com perigo e quase abriu o placar para os visitantes. A bola passou rente à trave. Mas quem marcou foi o Shandong Luneng, aos 22 minutos: Renato Silva, ex-São Paulo e Botafogo, apareceu no meio da área em uma cobrança de escanteio e completou para o gol.

O Cerezo poderia ter empatado em um rápido contra-ataque, mas Rodrigo Pimpão, ex-Vasco, chutou em cima do goleiro. O japonês Chugo também teve uma boa chance chutando de fora da área, mas mais uma vez o goleiro defendeu bem. O jogo estava aberto e o time chinês também tinha boas chances. O segundo gol quase saiu quando o goleiro do Cerezo deu uma bobeada incrível e escorregou na hora de chutar pra frente, dando a bola de graça para o atacante adversário, que não aproveitou a oportunidade. Porém, o Shandong não desperdiçou quando Wang Yongpo recebeu um passe em velocidade e tocou na saída do goleiro. Apesar do jogo equilibrado, os chineses venciam por 2x0.

No segundo tempo, o técnico Levir Culpi mudou sua equipe na defesa (Fujimoto no lugar de Uemoto, que já tinha amarelo) e no ataque (Komatsu no lugar de Inui), mas o time não melhorou e os chineses souberam administrar a vantagem. Aos 14 minutos, quem entrou pelo time chinês foi Obina, que veste a 10 e curiosamente tem seu nome real, Manuel, escrito na camisa. E logo em seu primeiro toque na bola, o folclórico atacante "quase" marcou - Obina recebeu na pequena área, girou e chutou. A bola passou pelo goleiro, mas o zagueiro tirou em cima da linha. Porém, pelo replay ficou claro que a bola havia entrado.

Dez minutos depois, em jogada de contra-ataque, Obina foi derrubado na grande área pelo capitão Moniwa e o pênalti foi marcado. O brasileiro foi pra cobrança e marcou, mas o juiz mandou voltar, alegando invasão da área. Só que desta vez a bola acertou a trave, depois de um leve desvio do goleiro.

Não era o dia de Obina fazer gol, mas era dia de seu time vencer. O Cerezo não conseguiu criar boas chances nos minutos finais nem com um jogador a mais - o meia Cui Peng foi expulso depois de fazer uma rara falta mais violenta e levar o segundo amarelo. Martinez cobrou e mais uma vez a bola foi pra fora, apenas assustando o goleiro chinês. Ficou claro que não era dia do Cerezo quando, no último lance do jogo, o próprio Martinez tentou um chute de fora da área e a bola passou mais perto da bandeirinha de escanteio que do gol.

Com a derrota, o Cerezo Osaka caiu para terceiro lugar no Grupo G, com uma vitória e uma derrota. O Shandong Luneng subiu para a segunda posição, com saldo melhor que o Cerezo. O líder do grupo é o Jeonbuk Motors, que goleu o Arema, da Indonésia, por 4x0 jogando fora de casa.

domingo, 13 de março de 2011

Ryo Miyaichi e a recuperação do Feyenoord

O Feyenoord, terceiro maior campeão holandês com 14 títulos, vivia uma crise terrível nesta temporada, que ficou marcada pela incrível derrota sofrida para o PSV por 10x0 em 24 de outubro de 2010. Foi a maior derrota da história do clube, que nunca foi rebaixado e via a segunda divisão se aproximar cada vez mais. Um mês depois da humilhante goleada, o time caiu para 16º (antepenúltimo) na classificação ao ser derrotado pelo Groningen por 2x0, fora de casa.

No final de janeiro de 2011, o Feyenoord estava em 15º, apenas a uma posição dos playoffs para o rebaixamento depois de sofrer três derrotas seguidas. Em 21 jogos disputados, o time tinha 5 vitórias, 5 empates, 11 derrotas e apenas 20 pontos conquistados.

Ryo Miyaichi chegou e já virou titular / Foto: Getty Images

Foi nesse contexto que chegou ao clube o japonês Ryo Miyaichi, de 18 anos, emprestado pelo Arsenal. Ryo havia sido contratado pelos ingleses direto de seu colégio, sem ainda ter jogado uma partida profissional, e foi imediatamente emprestado por seis meses ao clube de Roterdã para ganhar experiência. Ninguém sabia bem o que esperar dele, mas o técnico Mario Been ficou impressionado desde o primeiro treino e já o escalou como titular.

Em sua estreia como profissional, um empate em 1x1 contra o Vitesse fora de casa, Miyaichi já mostrou que tinha potencial. Mas foi em sua segunda partida, a primeira diante da fanática torcida do Feyenoord, que o jovem atacante brilhou. Ele marcou o primeiro na vitória sobre o Heracles por 2x1 e teve uma grande atuação, tornando-se ídolo imediato da torcida, que deu a ele o apelido "Ryodinho", em comparação ao fenômeno brasileiro.

Desde que chegou ao Feyenoord, Miyaichi foi titular em todas as seis partidas que o time disputou. Com quatro vitórias e dois empates, o jovem atacante ainda não viu seu time perder. Foram 14 pontos conquistados de 18 possíveis e o Feyenoord agora já subiu para 11º na Eredivisie. O rebaixamento não preocupa mais como antes, e o técnico fala até em classificação para a Europa League.

 O Feyenoord que venceu o NAC Breda por 2x1 pela 27ª rodada da Eredivisie

Apesar disso, não dá pra dizer que Miyaichi foi o salvador do time. Com um gol e uma assistência nos seis primeiros jogos, o atacante mostrou um grande potencial, mas também precisa de mais experiência para elevar seu nível de jogo e se tornar de fato uma estrela. Porém, sua simples presença em campo já dá uma certa tranquilidade e liberdade aos seus companheiros de ataque, que normalmente são os também jovens Castaignos (18), Wijnaldum (20) e Biseswar (23). Nesta recente série invicta, Castaignos marcou cinco gols, Wijnaldum marcou quatro e Biseswar teve um gol e três assistências.

Tudo indica que o Feyenoord vai superar a crise e terminar o campeonato sem maiores sofrimentos. Porém, não parece que a situação vai melhorar a longo prazo. Afinal de contas, ao final da temporada Miyaichi volta para o Arsenal, enquanto Castaignos já foi contratado pela Inter de Milão. Continuar dependendo de jogadores emprestados, dos jovens vindos das categorias de base e até mesmo de veteranos que custam caro e nem sempre jogam o que se espera deles - um bom exemplo são os dinamarqueses Tomasson e Soren Larsen, que se machucaram e praticamente não entraram em campo esta temporada - não deve fazer o Feyenoord voltar a disputar títulos tão cedo.

As atenções da mídia estarão voltadas para o desempenho de Miyaichi nos sete jogos que faltam até o final do Campeonato Holandês. Fica a expectativa também para a primeira convocação de Ryo para a seleção principal do Japão e sua possível participação na Copa América este ano.

terça-feira, 8 de março de 2011

Barcelona 3x1 Arsenal: Domínio total e classificação para o Barça

Em 2010, Barcelona e Arsenal se encontraram nas quartas de final da UEFA Champions League. Depois de sair perdendo e ter conseguido um heroico 2x2 no Emirates, o Arsenal foi demolido no jogo do volta. Messi fez sua melhor partida da temporada e acabou com o jogo, marcando quatro vezes na vitória por 4x1. Este ano, os dois times se encontraram mais uma vez na fase final da competição, agora nas oitavas de final. O placar agregado, que ano passado foi 6x3 para o Barça, desta vez ficou em apenas 4x3. Porém, a diferença entre os dois times ainda é um abismo.

As formações de Barcelona e Arsenal no jogo de volta, no Camp Nou, em 2010

As formações de Barcelona e Arsenal no jogo de volta, no Camp Nou, em 2011

Do lado do Barcelona, pouca diferença entre os times de 2010 e 2011. Nas duas ocasiões a dupla de zaga titular foi desfalque, mas desta vez Pep Guardiola preferiu improvisar o volante Busquets e o lateral esquerdo Abidal como zagueiros. Assim, Adriano ganhou a vaga na lateral e Masquerano jogou à frente da defesa. De resto, a presença de Iniesta e Villa deixaram o setor ofensivo ainda mais forte.

Pelo Arsenal, o polonês Szczesny dava segurança no gol, ao contrário do espanhol Almunia. A defesa de 2010 tinha o excelente Vermaelen e o péssimo Silvestre. A zaga atual, com Djourou e Koscielny, ainda sente falta do belga, mas é de longe uma opção bem melhor do que Silvestre. No meio, Song foi desfalque nas duas ocasiões, e desta vez foi Diaby quem jogou em seu lugar. Wilshere já é peça fundamental no time inglês como segundo volante. Fabregas e Van Persie não jogaram ano passado e eram dúvida também desta vez, mas se recuperaram a tempo e foram pro jogo.

A ausência de Walcott causou uma decisão no mínimo polêmica do treinador Arsene Wenger: escalar Rosicky - que vive uma fase ruim e está longe de jogar seu melhor futebol - e deixar o russo Arshavin no banco. É bem verdade que essa decisão deve ter sido tomada pensando no lado defensivo da equipe. Arshavin costuma jogar pelo lado esquerdo, e lá é por onde Nasri mais tem se destacado, além de que o francês já tinha feito um bom trabalho marcando Daniel Alves no jogo de ida. O russo, por outro lado, não é de marcar muito, ao contrário de Rosicky, que teoricamente poderia cumprir essa função pelo lado direito.

Wenger havia comentado que seu time jogaria de forma diferente do usual no Camp Nou, e o que se viu foi realmente um Arsenal totalmente diferente do normal. Com uma postura extremamente defensiva, não tiveram um único chute a gol em toda a partida. Parecia que o objetivo era defender e eventualmente conseguir um gol por algum tipo de milagre. Mesmo com a vantagem de 2x1 do jogo de ida, não era sensato esperar que seria possível segurar um 0x0.

A situação começou a ficar dramática para o time visitante quando Szczesny machucou a mão ao defender uma cobrança de falta de Daniel Alves e teve que ser substituído por Almunia logo aos 15 minutos. Porém, justiça seja feita, apesar do péssimo retrospecto contra o adversário - o goleiro espanhol tem agora 11 gols sofridos contra o Barcelona em quatro partidas, sendo que em duas ele nem começou como titular -, Almunia foi o melhor em campo do Arsenal, fez inúmeras defesas e salvou o time de levar uma goleada.

Apesar de toda a pressão e ter perto de 70% de posse de bola na primeira etapa, o Barcelona não fazia uma grande partida. A defesa adversária estava bem compacta, fazendo uma perigosa linha de impedimento, mas que estava dando certo. O gol do Barça saiu já nos acréscimos do primeiro tempo, graças a uma jogada infeliz de Fabregas, que tentou um toque de calcanhar na frente da própria área. Iniesta recuperou a bola e deixou Messi na cara do gol. O Argentino só deu um toquinho por cima de Almunia pra marcar um gol brilhante.

Messi, pra variar, fez um golaço / Foto: Carl Recine/Action Images

No início do segundo tempo, parecia que a sorte havia virado as costas para os catalães. Nasri conseguiu um raro escanteio para o Arsenal. Ele mesmo cobrou e Busquets cabeceou para dentro do próprio gol. O Arsenal tinha marcado no Camp Nou sem ter nenhuma finalização, e o Barcelona precisava agora fazer dois gols.

Mas a alegria dos Gunners durou pouco. Três minutos depois, Van Persie foi expulso de forma absolutamente ridícula. O holandês recebeu um lançamento em posição de impedimento e chutou pro gol mesmo depois do juiz ter parado o lance. Massimo Busacca não hesitou e expulsou o atacante, que já tinha cartão amarelo. Foi constatado que, entre o apito do juiz e o chute de Van Persie, passou apenas um segundo. "É uma piada", lamentou o holandês sobre o árbitro suíço.

Apesar dessa expulsão já ser suficiente pra influenciar no resultado do jogo, não foi a única decisão polêmica de Busacca. No primeiro tempo, Diaby havia derrubado Messi dentro da área quando ainda estava 0x0, no que pareceu ser um pênalti claro. Porém, o árbitro não deu nada, mesmo estando na frente do lance. Quando o Barça vencia por 2x1, ele marcou pênalti num lance que pareceu não ser.

Com um jogador a mais, os catalães só precisaram de 15 minutos para fazer dois gols e decidir a partida. Primeiro com Xavi, que recebeu de Villa na cara do gol após uma bela jogada de Iniesta, e depois com um pênalti duvidoso de Koscielny em cima de Pedro, onde Messi bateu com tranquilidade pra fazer 3x1.

Precisando de um gol para se classificar, Wenger tirou Rosicky e Fabregas para colocar Arshavin e Bendtner. O Arsenal até teve a chance de marcar quando a defesa do Barça falhou, Wilshere recuperou a bola e deixou Bendtner na cara do gol. O dinamarquês, porém, bisonhamente não conseguiu nem dominar a bola e Masquerano fez o corte na hora certa, na frente de Valdés, que ficou com a bola.

Apesar dos erros de arbitragem, a superioridade do Barcelona foi incontestável, com 76% de posse de bola e domínio do início ao fim. O time que tem os três melhores jogadores do mundo joga um futebol avassalador e caminha forte com chances de ganhar todos os títulos possíveis na temporada e ficar na história como um dos melhores de todos os tempos, assim como a Hungria de 1954 ou o Brasil de 1970, times que encantaram o mundo não só pelas vitórias mas principalmente pelo futebol jogado.

domingo, 6 de março de 2011

J-League 2011: Resumo da 1ª rodada

Gamba Osaka 2x1 Cerezo Osaka

No derby de Osaka, quem se deu bem foi o Gamba, que foi superior ao seu rival e saiu com uma merecida vitória. O primeiro tempo terminou 0x0 graças ao goleiro do Cerezo, o sul-coreano Kim Jin-Hyeon, que defendeu um pênalti cobrado por Endo. Inui quase marcou de fora da área, mas para seu azar a bola bateu no travessão.

A formação das equipes no clássico da região de Kansai

Os gols só vieram no segundo tempo. Shimohira cruzou da linha de fundo e Adriano, no meio da grande área, cabeceou sem chance para o goleiro. O brasileiro, que se destacou ano passado jogando pelo Cerezo, fez seu segundo gol em duas partidas com a camisa do Gamba. O Cerezo empatou com um chute de Kurata de fora da área, que não foi forte, veio na direção do goleiro... mas Fujigaya deixou passar. Apesar disso, o Gamba não se abalou e marcou o gol da vitória três minutos depois, num chute de fora da área de Endo que desviou no zagueiro antes de entrar. O substituto Kim Seung-Yong ainda perdeu um gol feito depois que Adriano ganhou do zagueiro e deixou o sul-coreano na cara do gol.

O Gamba poderia ter vencido por um placar maior e começa a temporada como forte candidato ao título. Por outro lado, é difícil acreditar que o Cerezo, treinado pelo brasileiro Levir Culpi, vai escapar da "síndrome da segunda temporada na primeira divisão" e fazer uma campanha igual ou melhor que no ano passado, quando terminaram em terceiro lugar.

Nagoya Grampus 1x1 Yokohama Marinos

Resumo do jogo no post anterior.

Kawasaki Frontale 2x0 Montedio Yamagata

Vitória tranquila para o Frontale, que definiu o placar ainda no primeiro tempo, com Yajima e Noborizato. O Yamagata não conseguiu reagir e bastou ao time da casa cozinhar o jogo até o fim pra garantir a boa estreia e os três pontos.

Kashiwa Reysol 3x0 Shimizu S-Pulse

Jorge Wagner estreia bem no Kashiwa / Foto: J. League Photos

O Kashiwa Reysol, treinado pelo brasileiro Nelsinho Baptista, foi o único dos times que vieram da segunda divisão que venceu na estreia na J1. O campeão da J2 ano passado também é o único dos três que tem a expectativa de algo mais do que apenas lutar para se manter na elite. Com o time que tem, dá pra acreditar que o Kashiwa pode até terminar na parte de cima da tabela. O Shimizu S-Pulse, que perdeu nada menos que sete titulares e vê pela frente uma tensa fase de transição, foi a vítima da vez e parece que terá um ano difícil pela frente. Os três gols da partida foram marcados pelos estrangeiros do Kashiwa, os brasileiros Jorge Wagner (ex-São Paulo) e Leandro Domingues (ex-Vitória) e pelo sul-coreano Park Dong-Hyuk. Jorge Wagner, aliás, foi um dos destaques do jogo, com bons passes e chutes, além de marcar um golaço de falta.

Ventforet Kofu 0x1 Júbilo Iwata

Vitória apertada do Júbilo com um gol do meia Kosuke Yamamoto a 10 minutos do fim. O time finalmente superou um tabu de quatro anos onde era sempre derrotado por equipes de menor expressão na estreia da J-League. Por outro lado, o Ventforet amarga um tabu ainda maior de não vencer na primeira rodada desde 1995. O Kofu, vice-campeão da J2, vai ter vida difícil na primeira divisão e é candidato ao rebaixamento. O Júbilo, que pouco se reforçou, não mostra forças para melhorar a campanha do ano passado, um 11º lugar.

Sanfrecce Hiroshima 0x0 Vegalta Sendai

No único empate sem gols da rodada, o favorito Sanfrecce, que joga numa incomum formação 3-6-1 e deve brigar na parte de cima da tabela, não conseguiu superar o Vegalta Sendai, que deve brigar na parte de baixo. O Vegalta conta com os veteranos atacantes Marquinhos e Yanagisawa - este ficou no banco e não jogou na estreia - para tentar se manter na J1.

Avispa Fukuoka 0x3 Albirex Niigata

O Avispa, terceiro colocado da J2 em 2010, é o maior favorito ao rebaixamento e à condição de saco de pancadas este ano. Começar a temporada perdendo de 3x0 em casa para o modesto Albirex mostra que o ano será difícil para a equipe de Fukuoka. Os gols saíram no segundo tempo. Da dupla de ataque brasileira, Michael e Bruno Lopes, cada um deixou o seu. O lateral direito Fujita fez o terceiro e fechou o placar. Quem se destacou também foi o sul-coreano Cho Young-Cheol, que deu a assistência para os três gols.

Vissel Kobe 1x0 Urawa Reds

 Popó fez o gol da vitória do Vissel Kobe / Foto: J. League Photos

O Vissel Kobe escapou do rebaixamento ano passado por muito pouco, e parece que esta temporada o objetivo continua sendo apenas não cair. Apesar disso, a estreia foi boa jogando em casa. Foi um jogo bem disputado e equilibrado, com muitos cartões amarelos pros dois lados. Até que o capitão do Urawa, o volante Keita Suzuki, foi expulso no segundo tempo. Com um jogador a mais, o Kobe garantiu a vitória com um gol de falta do brasileiro Popó.

Kashima Antlers 3x3 Omiya Ardija

Por três vezes o Omiya esteve na frente no placar, e por três vezes o Kashima conseguiu empatar. Um jogo incomum que teve eventos incomuns mesmo antes de começar: foi executado o hino nacional e teve até dois caças sobrevoando o estádio. O sul-coreano Lee Chun-Soo abriu o placar para os visitantes no início do primeiro tempo. O Kashima empatou com o zagueiro Inoha no início do segundo, em jogada de escanteio. Não deu nem tempo de comemorar e mais uma vez os Esquilos passaram à frente, com uma bela cobrança de falta do meia Kota Ueda, a grande contratação que veio do Júbilo Iwata. O Kashima empatou novamente com o outro zagueiro, Iwamasa, em outro lance de escanteio, mas logo o Omiya passou à frente pela terceira vez, de novo com Lee Chun-Soo. O time da casa pressionou e conseguiu o terceiro empate só nos acréscimos, com um gol contra do zagueiro Tsubouchi, que defletiu um cruzamento para dentro do próprio gol.

Foi um início de temporada ruim para o time do técnico Oswaldo de Oliveira, que empatou os três primeiros jogos - perdeu a Super Copa nos pênaltis, empatou sem gols na China pela ACL em uma verdadeira batalha campal e agora só escapou da derrota nos acréscimos contra o mediano Ardija. Já o time do Omiya mostrou altos e baixos. Apesar de ter deixado a vitória escapar nos últimos minutos e mostrado deficiência para defender jogadas de bola parada - como nos gols de Inoha e Iwamasa -, os estreantes Ueda e Kim Young-Gwon empolgaram a torcida com boas atuações. O time melhorou e os esquilos ainda podem surpreender este ano.

sábado, 5 de março de 2011

Nagoya Grampus 1x1 Yokohama Marinos: Marinos surpreende, mas Nagoya busca o empate no final

A temporada 2011 não começou da melhor forma possível para o atual campeão da J-League, o Nagoya Grampus. Apesar de ter vencido - nos pênaltis - o Kashima Antlers e conquistado a Super Copa, o time do sérvio Dragan Stojkovic foi derrotado por 2x0 na estreia da Liga dos Campeões da Ásia, jogando na China contra o Hangzhou Greentown, e agora só empatou com o Yokohama Marinos pela primeira rodada da J-League, graças a um pênalti convertido pelo australiano Joshua Kennedy aos 49 do segundo tempo.

Nagai entrou no segundo tempo e deu trabalho à defesa adversária / Foto: J. League Photos

O empate no apagar das luzes veio como um alívio para a torcida, que compareceu em bom número (27.153) ao Toyota Stadium, mas mostrou que o time, apesar de quase completo, ainda não entrou no ritmo ideal. Por outro lado, o resultado foi um balde de água fria para os torcedores do Marinos, que viram seu time jogar bem e por muito pouco não saíram com a vitória. Antes da partida, a expectativa era de um jogo difícil, pois a equipe não fez uma pré-temporada muito animadora e ainda vinha desfalcada de seu principal jogador para enfrentar o atual campeão fora de casa. Porém, um empate sofrido no último lance do jogo vai ter sempre um sabor amargo de derrota.

 A formação inicial das equipes

O Nagoya Grampus veio a campo com o mesmo time das duas partidas anteriores, no seu usual 4-3-3. O único desfalque é o volante colombiano Danilson, que se recupera de um osso quebrado no pé e só deve voltar em maio. No Yokohama Marinos, os dois principais jogadores do time, Nakazawa e Nakamura, haviam se machucado e eram dúvida para a estreia. O zagueiro se recuperou a tempo, mas o meia ficou no banco e não jogou. A braçadeira de capitão foi para o meia Hyodo, que desta vez jogou pelo lado direito, com o nipo-iraniano Aria Jasuru Hasegawa na meia esquerda. O jovem Yuji Ono ficou no banco e a dupla de ataque foi formada por Watanabe e Oguro.

O Nagoya começou a partida ainda em ritmo de pré-temporada e quem assustou mais foi a equipe visitante. O time da casa acordou com 10 minutos de jogo, enquanto o Marinos passou a jogar nos contra-ataques, finalizando com perigo mas sem muita pontaria. 

Mu Kanazaki era quem mais aparecia no ataque do Nagoya pela direita, mas o zagueiro da seleção Nakazawa sempre chegava bem pra parar as jogadas, especialmente em um desarme perfeito dentro da área em cima do próprio Kanazaki. O atacante teve sua melhor chance de marcar quando apareceu pelo lado esquerdo, recebeu um bom cruzamento do lateral Hayuma Tanaka e encobriu o goleiro, mas Taniguchi conseguiu tirar em cima da linha.

Nakazawa estava bem, mas falhou ao cortar um lançamento e deixou Kennedy em condições de chutar. Iikura defendeu parcialmente e a bola foi rolando devagar para a linha de fundo. Apesar de boas chances para os dois times, o placar estava 0x0 no intervalo.

No segundo tempo, o Marinos surpreendeu e abriu o placar com o capitão Hyodo, que escapou do carrinho de Tulio e chutou de fora da área, no canto esquerdo de Narazaki. Mas o gol poderia ter saído antes: logo aos 3 minutos, uma chance incrível foi desperdiçada: Watanabe cruzou, Hasegawa furou e a bola sobrou para Hato, livre, que chutou pra fora, por cima do gol.

O Nagoya começou a pressionar e quase empatou em seguida, mas Nakazawa salvou em cima da linha a cabeçada de Tamada. Stojkovic trocou um jovem atacante por outro: saiu Kanazaki e entrou Nagai. Ele perdeu duas chances na cara do gol, onde Iikura se saiu muito bem, e ainda acertou um chute no travessão.

O Marinos segurou a pressão até os 48 do segundo tempo, quando Nagai invadiu a área e foi derrubado por Kurihara. Kennedy beteu o pênalti com calma, no meio do gol, e evitou o vexame na estreia dos atuais campeões. O juiz encerrou a partida assim que o gol foi marcado.

No próximo sábado, 12 de março, o Nagoya Grampus joga contra o Vegalda Sendai pela segunda rodada, em busca da primeira vitória na temporada. O Yokohama Marinos recebe o Kawasaki Frontale em casa, no dia seguinte.

terça-feira, 1 de março de 2011

Gamba Osaka 5x1 Melbourne Victory: Vitória tranquila para o Gamba na estreia da ACL

Takei marcou o primeiro gol / Foto: J.League Photos

O Gamba Osaka precisou de apenas dez minutos para fazer três gols e decidir o jogo em sua estreia na Liga dos Campeões da Ásia contra o Melbourne Victory, da Austrália. A partida realizada no Banpaku Stadium, em Osaka, abriu a temporada para o time japonês da melhor forma possível.

A formação inicial das equipes

O atual vice-campeão da J-League abriu o placar com 4 minutos de jogo. Takei pegou o rebote de um escanteio e chutou pra fazer 1x0. Um minuto depois, o coreano Lee foi derrubado na área e o pênalti foi marcado. O brasileiro Adriano - contratado do rival Cerezo Osaka e que já jogou pelo Internacional e pelo Vasco - bateu e marcou, mas o juiz mandou voltar. Na repetição ele acertou novamente e fez 2x0. Foi seu primeiro gol pelo Gamba, logo na partida de estreia.

Estava fácil demais. Aos 10 minutos, Usami deu um belo passe para Adriano, que recebeu na linha de fundo e cruzou rasteiro pro meio da área, onde estava Lee, que aproveitou a chance e fez 3x0. O técnico escocês Ernie Merrick não perdeu tempo e fez sua primeira substituição com 14 minutos de jogo. Ele trocou um volante por outro: saiu Ferreira, entrou Celeski. Em um contra-ataque rápido, Thompson aproveitou a falha da marcação e levou a bola do seu campo de defesa até a grande área adversária, onde foi derrubado por Shimohira.

O veterano de 37 anos Kevin Muscat foi para a cobrança do pênalti. O zagueiro, suspenso por oito jogos na A-League por uma entrada extremamente violenta - mas foi liberado pra jogar a ACL -, mostrou que não tem só fama de carniceiro e que também marca seus golzinhos de vez em quando.

O Gamba teve a chance de fazer o quarto gol com Adriano em um chute de voleio, mas o brasileiro mandou em cima do goleiro. O Melbourne quase fez o segundo em um contra-ataque, quando Allsopp recebeu na área e chutou rente à trave.

Com o resultado praticamente garantido, a partida prosseguiu num ritmo morno. Mesmo sem forçar muito, o Gamba marcou mais dois gols no segundo tempo e decretou a goleada. Aos 17 minutos, Adriano fez uma boa jogada pela direita e cruzou para Futagawa fazer 4x1. Já aos 45, o coreano Kim Seung-Yong, que havia entrado no segundo tempo, escorou de cabeça o cruzamento de seu compatriota Lee para fazer 5x1.

Com o resultado, o Gamba Osaka lidera o Grupo E da AFC Champions League, ao lado do Tianjin Teda, da China, que venceu o Jeju United da Coreia do Sul por 1x0. Na próxima rodada, dia 15 de março, Gamba e Tianjin se enfrentam na China. Neste fim de semana, acontece o clássico de Osaka - Cerezo x Gamba - pela 1ª rodada da J-League 2011.