sexta-feira, 29 de abril de 2011

Cerezo Osaka 1x1 Albirex Niigata: Cerezo segue sem vencer, será que continua a "maldição do segundo ano na J1"?

Com dois empates e uma derrota, o Cerezo ainda não venceu na liga este ano / Foto: Aya Shiratori

O Cerezo Osaka é um time que surpreendeu na temporada passada. Recém-promovido da segunda divisão, terminou em terceiro lugar na J-League 2010 e conquistou uma vaga na Liga dos Campeões da Ásia pela primeira vez em sua história. Em 2009, o Sanfrecce Hiroshima havia repetido exatamente o mesmo feito. Agora em 2011, é o Kashiwa Reysol que aparece como candidato a manter esta recente "tradição".

Porém, se a história for mantida e o Cerezo seguir o mesmo caminho do Sanfrecce, uma temporada difícil os aguarda. E é exatamente isso que os especialistas preveem. o time treinado por Levir Culpi perdeu seus principais jogadores. Do trio de meias ofensivos conhecido como "Os Três Amigos", Shinji Kagawa está no Borussia Dortmund, da Alemanha, enquanto Akihio Ienaga foi para o Mallorca, da Espanha; apenas Takashi Inui continua em Osaka. O atacante Adriano (ex-Vasco) também continua na cidade da flor de cerejeira, mas transferiu-se para o rival Gamba. Para o seu lugar, veio outro ex-jogador do vasco, Rodrigo Pimpão que, apesar de ter marcado dois gols na estreia, passou em branco nas cinco partidas seguintes e ainda não convenceu.

A formação inicial das equipes

Na terceira partida da J-League 2011, o Cerezo recebeu o Albirex Niigata no Kinchou Stadium, em Osaka. Com os desfalques do zagueiro Taikai Uemoto e do meia Kim Bo-Kyung, Kota Fujimoto ganhou a vaga na defesa e Hiroshi Kiyotake, no meio-campo, como o armador central do 4-2-3-1 de Levir Culpi. O Albirex, do técnico Hisashi Kurosaki, veio com seu usual 4-4-2, com os brasileiros Bruno Lopes (ex-Vila Nova e Anapolina) e Michael (ex-Coritiba e Guaratinguetá) formando a dupla de ataque. Alberto Zaccheroni, técnico da seleção japonesa, estava no estádio acompanhando a partida.

O Albirex surpreendeu ao marcar logo aos 2 minutos, em seu primeiro ataque. O lateral Gotoku Sakai roubou a bola no campo de defesa e lançou para Bruno Lopes. O brasileiro avançou com três marcadores por perto, mas conseguiu o passe para Sakai, que devolveu de calcanhar. Bruno invadiu a área e chutou cruzado, no canto: 1x0.

O jogo seguiu sem grandes oportunidades, e só ficou mais movimentado a partir dos 20 minutos. O time visitante teve a chance de ampliar com mais uma tabela entre Sakai e Bruno Lopes; desta vez foi o japonês quem concluiu, mas o goleiro sul-coreano Kim Jin-Hyeon não teve dificuldades em defender. O time da casa só conseguiu criar uma jogada de perigo no final do primeiro tempo, e foi justamente aí que saiu o gol de empate.

Em um contra-ataque, Pimpão recebeu a bola ainda no campo de defesa. Ele conseguiu se livrar do seu marcador com um toquinho de lado, avançou, passou por mais um adversário, continuou até perto da entrada da área e deu um passe na medida para Inui, que apareceu livre, na cara do gol: 1x1.

No segundo tempo, quem teve as melhores chances foi o Albirex, mas Bruno Lopes perdeu várias oportunidades de levar os 3 pontos para Niigata. De novo aos 2 minutos, Bruno recebeu um belo passe de Michael, entrou livre na área e chutou, mas Kim Jin-Hyeon fez a defesa. No rebote, o brasileiro tentou mais uma vez, de cabeça, mas o sul-coreano defendeu novamente, desta vez segurando a bola.

Aos 27 minutos, o camisa 11 desperdiçou mais uma: recebeu lançamento na entrada da área, dominou no peito e chutou rasteiro, pra fora. Aos 34, ele recebeu um grande passe de Cho Young-Cheol na pequena área, mas furou feio na hora de chutar.

Em seguida, um momento de apreensão: quando o goleiro do Cerezo chutou pra frente pra fazer a reposição, a bola acertou na cebeça de Sakai, que ficou caído por alguns minutos, saiu de maca e teve que ser substituído. Aparentemente, o lateral de 20 anos da seleção olímpica estava consciente.

Somente no final do jogo que o Cerezo pressionou de verdade em busca da vitória, e Higashiguchi - recentemente convocado para a seleção principal - teve que fazer uma grande defesa, se esticando todo para salvar o chute de Rui Komatsu, que havia entrado no lugar de Shu Kurata. O Albirex assustou nos contra-ataques, mas a partida acabou no empate mesmo.

Pode-se dizer que o resultado foi justo, mas é o time de Niigata que mais tem a lamentar por não ter aproveitado as chances que teve. Enquanto o Albirex continua invicto, o Cerezo ainda não venceu e, pelo menos por enquanto, dá indícios de que vai confirmar a "tradição" e não repetir a boa campanha do ano passado.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Entrevista: Wagner Lopes - Parte 2/2

Voltar para a Parte 1

Como foi pra você quando te chamaram pra seleção?
Putz, foi uma alegria muito grande, porque foi um país que me deu tanto... Não falando materialmente, nunca fui materialista. É claro que todo mundo gosta de conforto e de dinheiro, mas eu pensava assim: "Um país que me ensinou tanto, que me deu uma nova cultura, que me fez um homem melhor... Se eu jogar pela seleção japonesa, vou poder retribuir. Vou poder fazer o ongaeshi, que é devolver um pouco de tudo o que eu recebi." Como? Representando bem a seleção, classificando-a para uma Copa do Mundo. Então a minha forma de retribuir todo o carinho, tudo o que o país tinha me dado em termos de oportunidade, em termos de aprendizado, era ajudando a classificar a seleção para a Copa do Mundo pela primeira vez. E graças a Deus eu fui abençoado com isso, sabe? De me naturalizar, de ajudar nas Eliminatórias e conseguir a classificação. Foi a maior glória pra mim no futebol.

Wagner atuando pelo Nagoya Grampus

Sua estreia na seleção foi contra a Coreia do Sul em 1997, pelas Eliminatórias. O Japão perdeu por 2x1 em casa com o estádio lotado. Vocês ganhavam por 1x0, até que o técnico te substituiu por um zagueiro e a Coreia virou nos últimos minutos. Como foi aquela derrota pra vocês?
Foi uma tristeza muito grande. Mas se você tiver a oportunidade de ver as imagens, é emocionante. Porque no Japão eles anunciavam um por um a entrada dos jogadores, e eu fiquei por último. Toda a torcida estava esperando se eu ia jogar ou não, se eu ia ficar no banco ou não. Quando anunciou "Wagner Lopes Nº 30", o estádio veio abaixo. Eles pegaram papel picado e o estádio inteiro jogou pra cima. A minha mãe, minha sogra e minha esposa estavam no estádio com os meus filhos. Elas choraram copiosamente, falaram que nunca viveram uma emoção tão grande. Eu tenho essas imagens em casa, e nas minhas palestras, normalmente para empresas japonesas, eu mostro um pouco do que foi a minha vida profissional lá. E é muito bonito, é muito gratificante ver a reação da torcida japonesa quando o meu nome é anunciado.

Depois dessa partida, a seleção passou por um momento difícil, com três empates e uma troca de técnico (Shu Kamo saiu e entrou Takeshi Okada). Até que veio o jogo contra a Coreia do Sul em Seul e você fez o gol da vitória.
Foi. Dei a assistência do primeiro gol, ganhamos de 2x0, fui escolhido o melhor em campo... E o Japão, se não me engano, fazia 11 anos que não vencia a Coreia. E nunca havia vencido na Coreia. Então foi histórico, foi uma festa. E nesse dia eu joguei muito bem. Eu me lembro que o Narahashi cruzou uma bola na área e eu quase fiz o gol de bicicleta, o goleiro deu um tapa pra cima... Não, acho que ele pegou a bola, foi no meio do gol. Mas foi uma experiência muito grande. E eu estava com minha mãe desenganada com câncer. Uma semana após esse jogo nós fomos pra Malásia, acho que em Johor Bahru, nós íamos jogar contra o Irã no mata-mata. Se empatasse ia pro gol de ouro, se empatasse na prorrogação ia pros pênaltis. E eu peguei uma gripe porque estava nevando naquele dia na Coreia, estava -2 graus. Fiquei uma semana de cama, emagreci cinco quilos. Eu me recuperei a tempo e viajei pra Malásia, nós íamos jogar no dia 15; no dia 13 eu recebi a notícia de que a minha mãe tinha falecido. Todo mundo ficou apreensivo que eu largasse o barco e fosse embora pra enterrar a minha mãe. E aí eu tomei uma decisão muito difícil, eu não voltei pro Brasil pro enterro da minha mãe pra poder ficar com a seleção até o fim para ir pra Copa do Mundo. Essa foi a decisão mais difícil da minha vida. Eu falei pro treinador: "Okada-san, eu vou até o fim. Se você precisar de mim por 30 segundos, eu vou te ajudar o máximo que eu puder. Todas as minhas forças eu vou fazer pra classificar a seleção japonesa." E aí nós estávamos perdendo de 2x1. O Okada-san tirou o Nakayama e o Kazu e colocou eu e o Jo, dois atacantes. Nós empatamos e viramos o jogo. E classificamos no gol de ouro, gol do Oka-chan [Masayuki Okano], ponta direita veloz. Foi uma festa, o país parou pra receber a gente em Narita, foi sensacional.

O Japão conseguiu de forma dramática sua primeira classificação pra uma Copa do Mundo

Participar da Copa do Mundo, então...
Foi o maior presente que Deus me deu. Eu não tenho palavras pra poder expressar pra você o orgulho de poder representar o Japão em uma Copa do Mundo. Foi um orgulho muito grande. Quando fomos ao Palácio Imperial falar com o Imperador para ele abençoar a nossa ida, o príncipe veio, cumprimentou todo mundo... E a pena é que não é permitido fotografar o Imperador. Mas o príncipe herdeiro na época tirou foto com todo mundo, ele foi pra Aix-les-Bains com a gente fazer a pré-temporada, foi uma oportunidade que talvez um outro ser humano não tenha, essa honra de ser recebido pelo Imperador.

Nessa Copa do Mundo, existe alguma explicação para o Kazu não ter sido convocado?
Eu tenho. É uma opinião minha. O Kazu é meu amigo, é um excelente jogador, é um ícone, né? Tanto é que ele é chamado de "King Kazu". Mas eu enxergo que no futebol existe uma hierarquia. E o Kazu estava há quase dez anos na seleção. Ele é um dos maiores jogadores da história do Japão na minha visão, talvez o maior. Mas ele tinha, dentro da seleção, alguns hábitos errados. Por exemplo, ele tinha um massagista só pra ele, ele queria aquecer de forma diferente... O treinador falava e ele meio que "Não, eu faço do jeito que eu quiser". O Okada-san é uma pessoa muito boa, mas muito rígida. Na época que o Okada-san era auxiliar, eu tenho a impressão de que tiveram algum atrito de ordem disciplinar. Acredito eu, não tenho confirmação nenhuma, é pelo que eu vi. Eu acredito que a federação queria acabar com aqueles hábitos ruins do Kazu. Por exemplo, se eu quisesse fazer massagem, e tivesse o massagista lá sem fazer nada, eu não podia pedir pro cara fazer uma massagem em mim. Porque ele era exclusivo do Kazu, ele ficava à disposição do cara. E os outros jogadores... Enquanto o Kazu fez gol e jogou bem, todo mundo aceitou. Quando entrou na fase ruim, que foi justamente na época do corte...

Ele fez alguns jogos ruins e o pessoal já...
Muito ruins. Tecnicamente ele estava muito mal, nos treinos também não estava bem e aí o Okada-san teve coragem de levar os que estavam melhores na época. E isso é o trabalho do treinador. Ele não tem que convocar o cara pelo nome. Ele tem que convocar os melhores do momento, e no momento o Kazu não estava bem. Essa é a minha opinião.

E foi na Copa América de 1999 que você encerrou sua participação na seleção.
É, na seleção, em jogos oficiais, foi em 1999. Mas depois eu ainda participei em 2000 e 2001 também, mas assim, convocava 25 e eu fui cortado as duas vezes, não cheguei a ir pro jogo. Então nem consta no boletim da partida porque às vezes convocava 30 e só ia 22, e os outros 8 eram cortados, então não tive participação mais, porque eles queriam renovar a seleção, colocar jogadores jovens, enfim...

E agora, o Japão deve participar novamente da Copa América. O que você espera da seleção?
Eu acho que é uma boa oportunidade para dar mais experiência aos mais jovens. A pressão de Copa América, a pressão de jogar aqui na América do Sul... São poucas as chances que a seleção japonesa tem de jogar contra o estilo sul-americano. Eles jogam mais contra os europeus, contra as seleções da Ásia, até da África, mas da América do Sul são poucas as oportunidades, então quanto mais a escola sul-americana jogar com o Japão, melhor para o Japão, acho que adquire mais experiência, mais vivência dentro de competições de alto nível.

E como você avalia a evolução da seleção japonesa? Você acha que para a próxima Copa do Mundo, por exemplo, eles podem ter a expectativa de uma grande participação?
Eu acho que a mudança de trabalho na seleção é muito difícil. Por quê? Nós tínhamos um técnico brasileiro em 2006, o Zico; aí tentou um iugoslavo, voltou a ter um japonês, o Okada-san em 2010; e agora um técnico italiano. Toda mudança precisa de um tempo de amadurecimento, de maturação. Eu entendo que o japonês evoluiu muito, tem uma safra de jovens jogadores muito boa. Mas o que eu sempre bato na tecla é o seguinte: esses que estão jogando lá fora, nas competições de alto nível e estão se destacando, ao juntarem com a seleção, o interesse tem que ser o mesmo: Jibun no tame ni yaru janakute, jibun no kuni no tame ni ganbatte morau (jogar pelo país, não jogar por si). Jogar pelo orgulho de defender as cores do país, e não jogar pra se destacar, pra ir pra um contrato melhor, pra um clube melhor. Acho que uma coisa leva a outra. Então se todos se unirem com essa mentalidade, se todos falarem "Eu vou fazer o meu melhor para o meu país ser respeitado mundialmente", não pensando só no contrato de publicidade, é uma coisa natural, vai acontecer. A federação dando todo o suporte, dando toda a calma para que essa nova comissão faça o trabalho necessário, principalmente o trabalho motivacional... Na minha cabeça, o grande problema do Japão é a falta de confiança. O dia que o japonês tiver confiança, disciplinados do jeito que eles são, além de serem bons tecnicamente, eu acho que o Japão vai ser uma grande surpresa no cenário mundial do futebol.

O Ruy Ramos disse em uma entrevista que se jogasse Brasil x Japão, ele era 100% Japão. E você?
Eu sou 200% Japão (risos). E você sabe por quê? Porque o Brasil já ganhou cinco Copas do Mundo, entendeu? Imagina se o Japão ganhar uma, a alegria que vai ser. Eu adoro o Brasil, eu adoro o Japão. Só que vai ser muito mais divertido pro futebol se o Japão ganhar a primeira do que se o Brasil ganhar a sexta. Eu sei que se o Brasil ganhar vai ser uma alegria pro povo brasileiro, mas eu acho que o povo japonês é muito sofrido também. Com tudo que aconteceu lá; as guerras, as bombas atômicas, agora esse tsunami, esses terremotos... Eu acho que, esportivamente, se o Japão tivesse uma grande conquista, não só ganhar a Copa da Ásia como ganhou a quarta agora, mas numa Copa do Mundo no Brasil, o Japão sendo campeão, acho que seria uma alegria muito grande pro povo. Então, eu torço pro Brasil também, mas não quando joga contra o Japão. E não é pra fazer média não, eu falo isso para os outros jornalistas brasileiros também (risos).

Qual foi a partida mais memorável de toda a sua carreira?
Putz, eu tive tantas alegrias, cara... Mas acho que foi a minha estreia, contra a Coreia do Sul.


E o gol mais bonito?
Eu acho que foi um gol que tem no You Tube [veja abaixo], contra os Emirados Árabes. Chutei de fora da área, ela fez a curva, bateu na trave e entrou. Era 26 de outubro, aniversário da minha esposa. E eu nunca prometi gol pra ninguém na minha vida. Mas nesse dia eu prometi pra ela: "Eu vou fazer um gol pra você. Hoje é seu aniversário, seu presente vai ser um gol com o Kokuritsu lotado." 56.000 pessoas era a lotação, acho que tinha 60.000. Três minutos de jogo, o Kazu passou uma bola no meio-campo. Ela tava dividida, eu dei o boné no cara, dei um tapa pra frente, quando ela quicou, eu peguei de voleio, ela fez a curva... Meu, sabe a sensação, assim... Que o país veio abaixo? Os torcedores enlouqueceram, foi muito bonito, muito lindo. Marcante pra mim. Pena que o jogo empatou, depois nós tomamos o gol, bola parada, uma desatenção. Mas até hoje, às vezes eu sonho com esse gol.


Para finalizar, o que você planeja para a sua carreira no futuro?
O que eu planejo para a minha carreira no futuro? Eu não tinha planos de voltar a morar no Brasil. Mas eu contava as histórias para os meus filhos, nadando em riacho aqui no Brasil, nadando nas lagoas, andando a cavalo, subindo na árvore de jabuticaba pra chupar a fruta, e os meus filhos sempre falavam: "Pai, eu quero fazer isso também, me leva pra morar no Brasil." Aí eu prometi para os meus filhos que quando eu parasse de jogar eu os traria pra morar no Brasil. Eu voltei em 2003, mas a ideia era ficar dois anos, o tempo que demorasse a minha pós-graduação de Sport Business, depois a gente voltaria a morar no Japão. Eu amo de paixão o Japão, sei que o país está vivendo um momento difícil agora. Se eu tivesse um trabalho no Japão hoje, mesmo pra não ganhar nada, eu gostaria de voltar pra ajudar a reconstruir o país. Então a minha meta de vida hoje é fazer um bom trabalho aqui como treinador pra ter uma oportunidade de voltar a trabalhar no Japão e poder ajudar a reconstruir o que foi perdido nesse tsunami.

Wagner e eu no campo do Estádio Jayme Cintra, em Jundiaí

Agradeço ao Wagnes Lopes por ter gentilmente me recebido no centro de treinamento do Paulista, em Jundiaí. Muito obrigado também ao Ivan Gottardo, do blog Fanático pelo Paulista, e ao Gabriel Goto, assessor do clube, que colaboraram para que essa entrevista fosse possível.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Entrevista: Wagner Lopes - Parte 1/2

Nascido em 1969, o paulista Wagner Augusto Lopes saiu do São Paulo para jogar no Japão em 1987, quando tinha apenas 18 anos. Lá ele se casou, teve filhos, aprendeu o idioma e se tornou um verdadeiro cidadão japonês. Jogou no Nissan (atual Yokohama Marinos), Hitachi (atual Kashiwa Reysol), Honda FC, Bellmare Hiratsuka (atual Shonan Bellmare), Nagoya Grampus, Tokyo FC e se aposentou no Avispa Fukuoka em 2002. Defendeu a seleção nipônica entre 1997 e 1999, voltou ao Brasil em 2003 e hoje é treinador do Paulista de Jundiaí.

Wagner Lopes no álbum de figurinhas da Copa de 1998

Tiago Bontempo: Como surgiu a oportunidade de jogar no Japão?
Wagner Lopes: Eu já era profissional no São Paulo Futebol Clube. Aliás, toda minha carreira no Brasil, do infantil ao profissional, foi no São Paulo. E eu jogava com o Oscar Bernardi, que foi capitão da seleção brasileira na Copa de 1982. Ele tem experiência em três Copas do Mundo, é um ídolo nacional. Nós jogamos juntos em 1985, 86 e 87 no São Paulo. A gente era muito amigo, ele era uma espécie de "protetor" meu lá. E ele foi convidado pra jogar no Japão em 1987. O treinador da Nissan na época - o Kamo Shu-san, que mais tarde foi técnico da seleção - perguntou pro Oscar se ele não tinha um jovem talento pra indicar pra vir com ele pro Japão. E aí ele me fez o convite: "Wagner, eu vou jogar na Nissan, um time de uma fábrica de automóveis. Você não quer vir comigo?" Na hora eu aceitei e falei: "Oscar, se você pular do décimo andar eu pulo atrás porque eu sei que é coisa boa." Eu tinha uma curiosidade muito grande com a cultura japonesa. Eu gosto muito de ler. Quando tinha 15 pra 16 anos, eu li a biografia do Akio Morita, que é o fundador da Sony. Procure esse livro porque é sensacional pra quem gosta da cultura japonesa. Quando li, eu fiquei apaixonado. E eu gosto muito de histórias de samurai, achava que quando chegasse no Japão, ainda ia achar lá no interiorzão algum maluco que se vestisse de samurai. E assim apareceu a oportunidade, eu falei: "Japão, país da tecnologia..." Fui pra ficar duas, três temporadas; só que a identificação foi tão grande que acabei ficando 17 anos.

Você tinha 18 anos quando foi pra lá, mas não tinha dúvidas que era isso que você queria.
Não, não tinha dúvidas.

Como foi a sua adaptação?
A adaptação foi bem complicada, porque não tinha restaurante brasileiro, não tinha a Globo Internacional, a Record Internacional, não tinha tv a cabo, internet... Você ficava em outro mundo mesmo. E o idioma muito diferente, a cultura muito diferente, o futebol totalmente diferente... Pra você ter uma ideia, os jogadores trabalhavam de manhã na fábrica da Nissan e à tarde nós treinávamos. Só tinha três profissionais: Eu, o Oscar e o Kimura Kazushi, que era o astro, o ídolo do nosso time e da seleção japonesa e hoje é treinador do Yokohama Marinos. Então eu tive muita dificuldade no começo por conta da comunicação, por conta de não falar o japonês. Eu falei: "Eu preciso aprender esse idioma, eu preciso falar." Então, por exemplo, na parte da manhã eu acordava, tomava café às 7 horas e estudava até meio-dia. Aí ia pro treino, que era às 2 da tarde, treinava até as 5, 6 horas, voltava pra concentração e estudava de novo das 8 até as 11. Eu vivia pra jogar bola e estudar.

Isso é interessante porque muitos jogadores e técnicos que vão pra lá não se preocupam em aprender o idioma, estão sempre com o intérprete do lado...
Isso é um grande erro.

Mas você decidiu estudar e aprender.
Eu me sentia muito mal em não conseguir falar o que eu pensava. Não conseguia me comunicar com os companheiros, não conseguia me comunicar no trem, quando ia fazer compras, então pra mim era uma questão de honra falar o idioma. Eu joguei no São Paulo com alguns jogadores que me ajudaram muito nesse sentido. O Falcão, que hoje é treinador do Inter de Porto Alegre, falava pra mim: "Wagner, em Roma como os romanos. Você tem que viver no país como uma pessoa de lá. Você não pode fazer da Itália uma extensão do Brasil. A cultura lá é outra, o idioma é outro; você tem que viver naquele país de acordo com as regras sociais, de acordo com a cultura, com o idioma do país." Então, essa experiência de jogar com atletas que tiveram a oportunidade de jogar fora do Brasil me ajudou muito. Eu já fui pra lá orientado e sabendo exatamente como me comportar. Por exemplo, o Darío Pereyra, uruguaio, vivia no Brasil, e ele gostava muito de mim. Inclusive a minha primeira chuteira importada foi ele quem me deu. E o Darío falava: "Wagner, se eu fosse fazer aqui no Brasil o que a gente faz lá no Uruguai, não ia dar certo. Eu tenho que viver aqui de acordo com as regras daqui." Então isso me ajudou muito. Aprender o idioma, a cultura, respeitar as diferenças... Isso é fundamental pra você conseguir se adaptar em qualquer país.

Só de eles verem que você está aprendendo, está estudando, você já é mais respeitado.
Eles já te tratam com um respeito diferente.

A seleção do Japão em um amistoso em 1998 contra o Egito, em Osaka - em pé, da esquerda pra direita: Nakayama, Lopes, Soma, Saito, Kawaguchi; agachados: Nanami, Oku, Mochizuki, Akita, Nakata e Ihara.

Quando você foi para o Japão, ainda não tinha a liga profissional.
Era amadora a liga.

Quando foi a primeira vez que você ouvir falar da J-League, que estavam criando uma liga profissional?
Eu fui pra lá em 1987. A melhor posição que o Nissan já tinha conquistado foi um quinto lugar. Aí nós fomos campeões da tríplice coroa: A Copa de Verão (JSL Cup), a Tennouhai (Copa do Imperador) e a Nihon League (Liga Japonesa). Em 1989 nós ficamos sabendo de um movimento na federação que estaria preparando um campeonato profissional. Com a ida do Oscar, do Milton Cruz, do Zé Sérgio... Esses jogadores começaram a motivar o público a ir ver futebol, não só beisebol, não só sumô, não só vôlei, enfim... A chegada de grandes astros do futebol mundial começou a atrair a atenção. Aí veio 1990, 1991, 1992... Foi em 1993 que deram o "start" na J-League. Mas no meio do ano em 1992 já tinham os dez times que levantaram a mão e se prepararam. Eram sete itens para conseguir uma vaga na J-League. A federação exigia ter um estádio de pelo menos 15.000 lugares, contratar três jogadores de renome internacional, ter mais ou menos 10 milhões de dólares pra poder investir no time profissional, itens assim. Aí depois de dez times passou pra doze, depois catorze, dezesseis, e agora são dezoito times. Foi uma transição muito trabalhosa, muito lenta, não foi de uma hora pra outra. A fase de elaboração da J-League foi de 1989 até 1993.

O time que você estava na época do início da J-League, o Hitachi, teoricamente tinha sido promovido mas não jogou a primeira divisão...
Ele demorou pra levantar a mão. Demorou pra preparar o estádio, aí acabou indo pra segunda divisão. Eu estava quando nós fomos vice-campeões e subimos pra primeira divisão. Eu, Careca, Nelsinho, Régis e Aílton éramos os cinco estrangeiros que estavam no time profissional. Foi uma festa muito grande em Kashiwa. Meu filho mais velho é nascido lá. Então foi muito bacana essa época de transição do Nihon Sakka para a J-League.

E você estreou na J-League quando estava no Bellmare.
Eu estava no Bellmare, isso.

Wagner fez 48 gols durante as duas temporadas em que jogou pelo Bellmare Hiratsuka

Como foi poder finalmente participar da liga?
Depois de dez anos no futebol japonês, ter sempre passado perto e não ter a oportunidade de jogar era uma frustração... "Todo ano eu faço gols, todo ano eu sou um dos artilheiros da liga, mas não tive a oportunidade ainda de jogar na J-League." Isso dava uma tristeza grande. Mas eu acho que tudo na vida tem a hora certa. Então, com muita força, com muita determinação, com muito trabalho... Chegou uma hora que eu tinha dez propostas, todos os times me queriam. Isso foi motivo de muito orgulho, porque depois de tanta dedicação eu consegui colher o que eu queria.

É verdade que existe ou existiu a tendência do torcedor gostar mais dos jogadores do que do próprio time? Por exemplo, se o ídolo de um time se transferia de clube, os torcedores iam junto com ele.
Aconteceu muito isso comigo. Em todos os times que fui, os torcedores de onde eu já tinha jogado vinham torcer para o meu time. Eles compravam o nenkan tiketto (ingresso anual), lá eles falam "comprar o boleto", aí você estava garantido em todos os jogos em casa. Então eu tenho muitos amigos graças a isso. Não só durante os jogos eu fazia o meu melhor, mas no treinamento dava autógrafo, conversava com os torcedores, tirava fotografia, dava uma atenção mais especial. Isso fazia com que houvesse uma identificação e esses torcedores às vezes viajavam 1000 quilômetros pra ir torcer pelo meu time. Então isso é um motivo de orgulho também, sabe?

Tem alguma outra característica do torcedor japonês que é bem diferente do brasileiro?
Tem. Eu sempre dei muita atenção para o torcedor, porque ele paga o ingresso pra ir ver você jogar, então indiretamente ele paga o seu salário. Às vezes eu estava com a minha família na Disney ou em um restaurante e em 17 anos nunca nenhum torcedor chegou pra mim desrespeitosamente. Eles não vinham falar comigo. Eles iam falar com o maitre ou o garçom do restaurante, perguntar antecipadamente, se depois da minha refeição, se eu poderia autografar, se eu poderia tirar uma fotografia; e eu sempre falava: "Não, fala pra ele vir agora, eu paro de comer, fala pra ele vir agora." Então isso aproximava muito o torcedor de mim. Porque não importava se eu estava cansado, se eu estava triste, se eu estava feliz, se eu estava em um momento privativo com a minha família; eu parava pra atender os torcedores que gostavam de mim. Porque era por causa daquelas pessoas que eu tinha conseguido vivenciar aquilo tudo. Então sempre fiz muita questão, dei muita atenção pros meus torcedores nos clubes que eu joguei. E sempre foi assim: onde eu ia, sempre alguém vinha conversar, bater papo, falar "Eu tô torcendo" e tal. Isso é a melhor motivação que existe pra mim.

E quando foi que você decidiu se naturalizar?
Em 1992, quando o meu filho nasceu, em Kashiwa. E foi tão emocionante, porque eu tinha 23 pra 24 anos, era muito jovem ainda. Quando peguei ele no colo eu senti um orgulho danado de estar vivendo naquele país, de ter aprendido tantas coisas... E na minha cabeça - eu não tinha essa informação das leis -, eu não sabia que teria que levá-lo na embaixada brasileira pra registrá-lo como brasileiro. Eu achava que o meu filho fosse ganhar o passaporte japonês. No Japão é assim: se você for morar lá e o seu filho nascer lá, ele é brasileiro. E é um dos poucos países no mundo que é assim. Pro seu filho ter o passaporte japonês, o pai tem que ser nascido lá, tem que ser japonês. Então, quando peguei meu filho no colo, eu falei: "Você é japonês, você nasceu no Japão. Se eu me naturalizar... Eu gosto tanto deste país, nós vamos ficar aqui o resto da vida." Essa era a ideia. A primeira vez que pensei nisso foi quando peguei meu filho nos braços. E é engraçado porque ele era desse tamanho [mostra o braço da altura do cotovelo até a mão], pus ele assim [nos braços] e fiquei pensando e conversando com ele.

É bom deixar claro que você não se naturalizou pra jogar na seleção, né?
Não, não. Eu me naturalizei por amar o país. Por me identificar com a cultura, por respeitar a forma de pensar, a educação do povo japonês... Sendo bem sincero, eu achava que tinha jogadores muito melhores do que eu pra servir a seleção. Eu não pensava que o treinador fosse me levar pra uma Copa do Mundo. A minha intenção era ficar no Japão com meus dois filhos nascidos lá - o primeiro em Kashiwa e o outro em Hamamatsu -, e naquela época só podia ter três estrangeiros. Se eu me naturalizasse japonês, ia abrir mais uma vaga para o meu time ser forte pra ser campeão. Então, profissionalmente era bom, mas em nenhum momento alguém da federação me convidou pra jogar antes da naturalização, ninguém falou assim: "Se naturaliza que você vai jogar." Muito pelo contrário, não teve nada. Tanto é que eu comecei a naturalização em 1992 e só consegui em 1997. Se é outro já desistia, né?

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domingo, 24 de abril de 2011

J-League: Resumo da 7ª rodada

Sétima rodada? Explicando: apesar de esta ter sido na prática a segunda, as rodadas 2 a 6 foram adiadas devido ao terremoto e tsunami, e serão disputadas em julho. Enquanto isso, a J-League vai voltando ao normal com as rodadas que estavam previstas para o fim de semana de 23 de abril em diante.

Shimizu S-Pulse 1x0 Avispa Fukuoka
23/04/2011 - Outsourcing Stadium, Shizuoka - Público: 11.025

Os dois perderam de 3x0 na primeira rodada, então essa partida valeu o último lugar para o perdedor. O Avispa é o maior candidato ao rebaixamento, enquanto o Shimizu, que perdeu mais de metade dos titulares do ano passado, vive uma complicada fase de reestruturação. Ambos tiveram boas chances de marcar, mas o placar se manteve no 0x0 até 10 minutos do fim, quando Daiki Niwa foi cortar um cruzamento e desviou a bola com o braço. Pareceu ser dentro da área, mas o árbitro marcou falta a centímetros da grande área. De qualquer forma, Genki Omae cobrou com perfeição, no ângulo, enquanto o goleiro nem se mexeu, e garantiu a vitória do S-Pulse.

Kashima Antlers 0x3 Yokohama Marinos
23/04/2011 - Kokuritsu (Estádio Nacional de Tóquio) - Público: 15.668

Marinos vai a Tóquio e surpreende o Kashima

O Yokohama Marinos já havia surpreendido o atual campeão, Nagoya Grampus, na partida de estreia, quando quase conseguiu a vitória. Porém, um pênalti bobo cometido pelo zagueiro Kurihara nos acréscimos fez com que a partida terminasse empatada. O Marinos mais uma vez surpreendeu um favorito ao título; o contestado Kurihara se redimiu e marcou dois na vitória por 3x0.

Oswaldo de Oliveira cumpriu suspensão e teve que assistir o jogo das tribunas. Apesar de ter mandando a campo quase o time titular - as únicas alterações foram Yasushi Endo no lugar de Fellype Gabriel e Carlão fazendo a dupla de ataque com Koroki -, o Marinos saiu na frente logo aos 3 minutos de jogo. O volante Ogura aproveitou a bobeira da defesa, recuperou a bola e chutou da entrada da área. Um desvio no zagueiro matou o goleiro Sogahata.

Motoyama e Osako entraram no segundo tempo no lugar de Endo e Carlão, mas o Kashima não conseguiu reagir. Ao invés disso, foi o Marinos que marcou mais um - Kurihara pegou o rebote de um escanteio e encheu o pé para fazer 2x0. Já nos acréscimos, Kurihara apareceu na área como um centroavante em um contra-ataque e por pouco não fez seu segundo gol. na dividida com Nozawa, o jogador do Kashima tocou pra dentro do próprio gol: 3x0.

Omiya Ardija 0x1 Kashiwa Reysol
23/04/2011 - NACK 5 Stadium, Saitama - Público: 8.411

A torcida do Omiya Ardija ficou empolgada com a estreia do time, quando quase venceram o Kashima Antlers fora de casa. Porém, na primeira partida da temporada em seu estádio, os esquilos decepcionaram. No único gol do jogo, Junya Tanaka chutou de longe, o goleiro espalmou, Leandro Domingues (ex-Vitória) pegou o rebote e chutou cruzado, rasteiro. A bola bateu na trave e entrou. O Kashiwa Reysol, ttreinado por Nelsinho Baptista, tem agora 6 pontos e continua na liderança. Enquanto isso, o Omiya tem muito a reclamar da arbitragem por causa de um pênati não marcado quando ainda estava 0x0.

Ventforet Kofu 1x1 Vissel Kobe
23/04/2011 - Kose Sports Stadium, Kofu - Público: 6.893

Daniel e sua comemoração "coelho da Páscoa"

Depois de uma surpreendente vitória contra o Urawa Reds na estreia, o Vissel Kobe começou bem contra o Ventforet Kofu, com um gol de Okubo de fora da área - a bola desviou em um zagueiro antes de entrar. Mas o Kofu foi pra cima e evitou a segunda derrota seguida em casa com uma jogada de brasileiros - Paulinho (ex-Sport) cobrou escanteio e o zagueiro Daniel (ex-São Caetano) apareceu na pequena área, esticou o pé, ganhou do zagueiro e deixou tudo igual. Um empate que nenhum dos dois poderá comemorar muito, já que as duas equipes são candidatas a lutar pra não cair.

Kawasaki Frontale 1x2 Vegalta Sendai
23/04/2011 - Todoroki Stadium, Kawasaki - Público: 15.030

Resumo do jogo aqui.

Montedio Yamagata 0x0 Cerezo Osaka
24/04/2011 - ND Soft Stadium, Yamagata - Público: 8.551

Possivelmente o pior jogo da jogada, um empate sem gols com poucas chances criadas. O Montedio perdeu o zagueiro brasileiro Hugo, que disputou apenas uma partida no Japão e, depois da tragédia com o terremoto, decidiu retornar ao Brasil e foi contratado pelo Atlético-PR. O empate foi ruim para as duas equipes, que continuam sem vencer.

Albirex Niigata 1x1 Júbilo Iwata
24/04/2011 - Niigata Stadium, Niigata - Público: 33.662

Diante de sua fanática torcida, o Albirex perdeu a chance de continuar na liderança. Eles até saíram na frente com um gol de pênalti do sul-coreano Cho Young-Cheol logo no início da partida, mas permitiram o empate no segundo tempo, com um gol de cabeça do brasileiro Gilsinho (ex-Paulista), que tinha acabado de entrar no jogo. As duas equipes tiveram boas chances de vencer, mas os dois goleiros - o experiente Kawaguchi, 35 anos, pelo Júbilo e o jovem Higashiguchi, 24 anos, pelo Albirex - salvaram seus times da derrota.

Sanfrecce Hiroshima 4x1 Gamba Osaka
24/04/2011 - Hiroshima Big Arc, Hiroshima - Público: 18.788

Os onze jogadores do Sanfrecce comemorando juntos o primeiro gol

Resultado surpreendente em Hiroshima, com uma grande vitória do time da casa contra um dos favoritos ao título. Tadanari Lee fez o primeiro com 1 minuto de jogo, aproveitando um cruzamento rasteiro na pequena área. 10 minutos depois, o zagueiro Morisaki cobrou falta e ampliou, aproveitando um desvio na barreira que matou o goleiro. No fim do primeiro tempo, já estava 3x0, graças ao gol do croata Mihael Mihic, que recebeu um lançamento longo do campo de defesa, invadiu a área e conseguiu chutar no canto mesmo sendo pressionado pelo zagueiro. No segundo tempo, Sato fez 4x0 e o substituto Kawanishi marcou o gol de honra do Gamba.

Urawa Reds 3x0 Nagoya Grampus
24/04/2011 - Saitama Stadium 2002, Saitama - Público: 42.767

Depois de um início ruim - derrota para o Vissel em Kobe -, o Urawa se recuperou da melhor forma possível, derrotando o atual campeão com um convincente 3x0. Com 12 minutos de jogo, Tatsuya Tanaka chutou de fora da área, Narazaki espalmou e Marcio Richardes aproveitou o rebote pra fazer 1x0. Aos 25, foi Richardes quem cruzou rasteiro pela direita para Tanaka fazer o seu. No segundo tempo, o Nagoya foi pra cima tentar diminuir, mas só conseguiu levar o terceiro. Genki Haraguchi roubou a bola de Hayuma Tanaka no meio-campo, avançou livre e chutou; Narazaki defendeu, mas o atacante pegou o rebote e definiu os 3x0. Definitivamente não foi a rodada dos favoritos ao título. Kashima, Gamba e Nagoya foram os bola murchas da vez - mesmo jogando com a maioria dos titulares disponíveis, foram todos derrotados por uma incontestável diferença de três gols.

Mais detalhes sobre esse jogo na análise do blog Go War Reds, do Marcelo Reddy.

sábado, 23 de abril de 2011

Kawasaki Frontale 1x2 Vegalta Sendai: J-League de volta e Sendai tem motivo pra comemorar

Jiro Kamata, autor do gol da vitória, agradece sua torcida

Depois da tragédia que o Japão enfrentou recentemente, todo o mundo passou a olhar com mais atenção para a cidade de Sendai. O time local, o Vegalta, também ganhou a simpatia de muitos. No retorno da J-League depois de seis semanas parada, havia uma atenção especial para o time que mais sofreu com o tsunami de 11 de março. Apesar de ter a perspectiva de apenas lutar pra não ser rebaixado, um grande número de torcedores foi até Kawasaki apoiar a equipe, e a televisão mostrou também as pessoas que acompanharam a partida em um dos abrigos em Sendai.

A formação inicial das equipes

O Vegalta perdeu recentemente o atacante Marquinhos que, apesar de estar quase se aposentando aos 35 anos, ainda era a principal contratação da temporada - seu futebol não foi visto em Sendai e, traumatizado depois de vivenciar a devastação do terremoto e do tsunami tão de perto, o brasileiro voltou pra casa e agora defende o Atlético-MG. Yanagisawa, a outra "estrela" que chegou este ano, ficou apenas no banco.

O Kawasaki Frontale, que não teve dificuldades em vencer o Montedio Yamagata na estreia (2x0), tinha a chance de continuar entre os líderes com mais uma partida em casa. Fazendo valer o favoritismo, eles venciam ao final do primeiro tempo com um gol construído pelas duas novas contratações que vieram do Yokohama Marinos. Koji Yamase recebeu em condição legal por trás da defesa, correu até a linha de fundo e cruzou rasteiro para trás; o lateral Yusuke Tanaka chutou sem muita força, no meio do gol, mas inexplicavelmente a bola passou entre o zagueiro e o goleiro do Vegalta: 1x0.

Uma forte chuva caía no Todoroki Stadium. O jogo não era bom, cada time teve apenas um chute no gol durante a primeira etapa. O Vegalta jogava num 4-2-3-1, com um único atacante, Shingo Akamine. Vendo que também no segundo tempo o time não conseguia causar perigo ao adversário, o técnico Makoto Teguramori tirou o volante Yoshiki Takahashi para colocar mais um atacante, Yuki Nakashima, voltando assim para sua formação tradicional com dois atacantes. Por outro lado, o técnico do Kawasaki, Naoki Soma, fez o inverso: tirou o atacante Koji Yamase e colocou o meia Yusuke Tasaka.

O jogo finalmente melhorou depois das alterações, com o time visitante tomando a iniciativa em busca do empate. Aos 27 minutos, o Vegalta atacava pelo lado esquerdo; depois de uma bola rebatida na frente da área, Akamine rolou para o outro lado, de onde veio Yoshiaki Ota, que chutou desequilibrado, caindo no chão. A bola bateu na perna do zagueiro Tomonobu Yokoyama e passou por cima do goleiro, que já caia pra fazer a defesa. Um gol com uma dose de sorte, mas que causou uma festa muito grande na torcida. Um momento comovente ver a alegria de tantas pessoas que nos últimos dias passaram por tanto sofrimento e finalmente tinham algo para comemorar.

Ota se machucou ao fazer o gol e foi substituído por Shingo Tomita. Entrou também o volante Daisuke Saito no lugar do zagueiro Cho Byung-Kuk. O Kawasaki tentou ir pra frente de novo, com a entrada do atacante brasileiro Juninho no lugar de Yajima. A 15 minutos do fim, os dois times buscavam a vitória e o jogo estava totalmente aberto.

Aos 41, falta na linha lateral para o Sendai, próximo de onde estava a torcida, que gritava sem parar incentivando o time: "Let's Rock, Sendai!" Lentamente, o norte-coreano Ryang Yong-Gi foi cobrar a falta, enquanto a televisão mostrava a torcida visitante, que veio em grande número. Se fosse um filme, esse seria o clímax. Bola na área, o zagueiro Jiro Kamata sobe mais que seu marcador e cabeceia alto, no canto: 2x1. Festa total da torcida, parecia até que foi gol do título. Era o final perfeito para uma partida que pelo menos os "vegaltistas" não esquecerão tão cedo. Emocionado, Teguramori não conteve o choro e mal conseguiu falar após o jogo. Estava claro que aquela vitória significava muito para eles.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

ACL: Resumo da 4ª rodada

Kashima Antlers 1x1 Suwon Bluewings 
19/04/2011 - Kokuritsu (Estádio Nacional de Tóquio)
Resumo do jogo aqui.

FC Seoul 0x2 Nagoya Grampus
19/04/2011 - Seoul World Cup Stadium

Dos quatro japoneses que disputam a Liga dos Campeões da Ásia, o Nagoya Grampus foi o que teve o pior início, com uma derrota na China contra o Hangzhou Greentown (2x0) e um empate em casa com o FC Seoul (1x1). Porém, o campeão japonês se recuperou com uma goleada (4x0) em cima do Al Ain (Emirados Árabes Unidos) no Mizuho Stadium, e agora uma surpreendente vitória contra o campeão coreano jogando em Seul, o que valeu o primeiro lugar do Grupo F.

Com vários desfalques no meio e no ataque (Danilson, Naoshi Nakamura, Burzanovic, Tamada e Kennedy), Stojkovic escalou Makito Yoshida, de 18 anos, para sua estreia como profissional. O jovem meia já mostrou serviço ao criar a jogada do primeiro gol, deixando Ogawa livre na pequena área com um passe curto e preciso. O goleiro defendeu o chute, mas Kanazaki pegou o rebote e fez 1x0.

Depois de usar um 4-4-2 na última partida, o técnico sérvio montou desta vez um 4-2-3-1, com Fujimoto como armador central, Kanazaki na meia esquerda, Yoshida na direita e Nagai na frente. Ogawa e Yoshimura foram os volantes. O FC Seoul veio com a mesma formação do confronto anterior entre as equipes. Apesar de criar muitas chances de gol, a má pontaria, as boas defesas de Narazaki e as intervenções dos defensores contribuíram para manter o zero no placar do lado do time da casa. A má atuação do campeão coreano foi coroada quando Kim Tae-Hwan foi recuar para o goleiro; O veloz Nagai se adiantou, interceptou o passe e definiu o placar final: 2x0.

Com duas rodadas faltando para o fim da primeira fase, o Nagoya agora só precisa vencer o Hangzhou Greentown em casa (dia 04/05) para garantir a classificação para as oitavas de final. Na outra partida do grupo, o Al Ain venceu o Hangzhou por 1x0 e continua vivo.

Gamba Osaka 3x1 Jeju United
20/04/2011 - Osaka Expo '70 Stadium

Adriano fez 1x0 depois de carregar a bola desde a intermediária até a entrada da área. Enquanto os zagueiros adversários simplesmente o acompanhavam, o brasileiro chutou rasteiro, a bola bateu na trave e entrou. O atacante marcou também o segundo em mais um contra-ataque, ao receber lançamento de Endo, driblar um zagueiro e chutar na saída do goleiro. O Jeju diminuiu em um lançamento pra área onde Kim Eun-Jung escorou de cabeça e o centroavante Shin Young-Rok rapidamente dominou, girou e chutou no canto. Já no final do jogo, Takei definiu a vitória do Gamba com um chute forte de fora da área.

Uma vitória mais que necessária para o Gamba Osaka, que agora tem o melhor ataque da competição (10 gols marcados) e ocupa o segundo lugar do Grupo E, com 6 pontos, com um saldo melhor que o terceiro colocado, Jeju United. No outro jogo, o Tianjin Teda foi até Melbourne e perdeu para o Victory por 2x1. Apesar disso, os chineses continuam na liderança, com 7 pontos. Os australianos comemoram a primeira vitória e, com 4 pontos, ainda têm chances de classificação. Nada está definido no Grupo E.

Jeonbuk Motors 1x0 Cerezo Osaka
20/04/2011 - Jeju World Cup Stadium

Assim como seu rival de Osaka, o Cerezo ganhou todos os jogos em casa e perdeu todos fora. O time de Levir Culpi até jogava bem e criava várias oportunidades, não seria surpresa se tivessem conseguido um resultado melhor. Porém, o 0x0 foi se arrastando até os 32 do segundo tempo, quando Jeong Seong-Hoon conseguiu passar no meio de dois zagueiros, foi à linha de fundo e cruzou rasteiro, para trás. Toda a defesa esperava um cruzamento na pequena área, tanto que Lee Dong-Guk, experiente atacante da seleção coreana, apareceu livre mais atrás, na entrada da área, chutou forte e fez o único gol da partida.

O Cerezo caiu para terceiro lugar com a derrota, com 6 pontos, enquanto o Jeonbuk lidera com 9. Na outra partida do grupo, o Shandong Luneng venceu em casa o Arema, da Indonésia, por 5x0, com um golaço de Obina. O time chinês subiu para a segunda colocação com 7 pontos, enquanto o Arema, com apenas 1 ponto, está matematicamente eliminado.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Kashima Antlers 1x1 Suwon Bluewings: Desperdiçada a chance de liderar o grupo

Tashiro fez o gol do Kashima / Foto: Tomonori Zaiman

O Kashima Antlers empatou em casa com o sul-coreano Suwon Bluewings e perdeu a chance de assumir o primeiro lugar do Grupo H na Liga dos Campeões da Ásia. Mesmo jogando em "casa", no Estádio Nacional de Tóquio - já que o Kashima Stadium continua interditado devido aos danos sofridos com o terremoto seguido de tsunami -, a equipe japonesa não foi capaz de superar os Bluewings, que voltam para a Coreia com um bom resultado.

 
A formação inicial das equipes

O Suwon veio a campo com uma formação defensiva, usando três zagueiros. O experiente Hwang Jae-Won - que fez um gol no Japão na semifinal da última Copa da Ásia - atuou como um líbero. Uma defesa com três zagueiros pode não ser tão usada atualmente, mas pelo menos contra o 4-4-2 tradicional do Kashima foi uma boa escolha - numa disputa de três zagueiros contra dois atacantes, sempre havia um homem da sobra em favor da defesa. O goleiro da seleção Jung Sung-Ryong não jogou, assim como o zagueiro croata Mato Neretljak. O atacante brasileiro Marcel (ex-Vasco e Santos) não pode ser inscrito na ACL, assim como o uzbeque Geynrikh.

Oswaldo de Oliveira não pode contar com Osako e Carlão para este jogo - Tashiro foi o companheiro de Koroki no ataque -, o que deixou o time sem nenhum atacante no banco de reservas. De resto, foi a mesma equipe que venceu o Sydney FC na semana passada.

O Kashima bem que tentou, mas não conseguiu quase nada no primeiro tempo além de algumas boas jogadas de Nozawa e chutes de longe que foram pra fora. Na segunda etapa, o meia Yasushi Endo entrou no lugar de Fellype Gabriel e, logo aos 3 minutos, fez uma falta meio estabanada na entrada da área. O Suwon aproveitou uma das poucas chances que teve na partida e Yeom Ki-Hun cobrou por cima da barreira, no canto esquerdo de Sogahata, que nem se mexeu: 1x0.

Endo cometeu a falta que levou ao gol sul-coreano, mas logo se recuperou ao dar a assistência para o gol de empate. Aos 8 minutos, Nozawa cobrou falta e mandou na área, Endo apareceu na linha de fundo e deu um toque para trás. Tashiro completou para o gol e deixou tudo igual no placar.

Logo depois, Tashiro saiu machucado, carregado de maca, e entrou Motoyama em seu lugar, que passou a jogar como armador central. A fomação mudou para um 4-2-3-1, e o Kashima controlava mais o jogo. Mesmo assim, não foram criadas chances o bastante - o Suwon conseguia parar as jogadas com sua defesa reforçada. Koroki até teve uma boa oportunidade quando recebeu na área um passe de Nozawa, dominou no peito de costas pro gol e tentou uma meia-bicicleta, mas a bola foi por cima, longe do alvo.

O time coreano anulou bem o jogo do adversário, mas poderia ter sido um pouco mais ousado no ataque. O atacante brasileiro Bergson (ex-Grêmio) entrou no segundo tempo, mas sem nenhum impacto. Para o Kashima foi uma performance decepcionante, eles estariam liderando o grupo se tivessem vencido. Restam dois jogos em casa, contra Shanghai Senhua (02/05) e Sydney FC (10/05) para decidir a classificação, mas quem tem a vantagem no saldo de gols é o Suwon. Na outra partida do grupo, o Sydney FC foi até a China e venceu o Shaghai Shenhua por 3x2, com dois gols do brasileiro Bruno Cazarine, e continua na briga.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sydney FC 0x3 Kashima Antlers: Vitória tranquila e classificação encaminhada

O Kashima e uma frase de incentivo ao Japão após a partida: "Com esperança, podemos lutar" / Foto: Kyodo

Em mais uma partida adiada da Liga dos Campeões da Ásia, o Kashima Antlers foi até Sydney e venceu o time local com um convincente 3x0. Foi a primeira vitória do Kashima na ACL e na temporada, depois de empatar todos os quatro primeiros jogos. Com a mudança no calendário, o time de Ibaraki agora já jogou todas as partidas que tinha fora de casa e tem três jogos no Estádio Nacional de Tóquio - o Kashima Stadium continua interditado - para garantir sua classificação e o primeiro lugar no grupo.

A formação inicial das equipes

O Sydney FC, do técnico tcheco Vitezslav Lavicka, teve alguns desfalques: o lateral Sebastian Ryall, o atacante David Williams e os meias Nick Carle e Terry McFlynn. Shannon Cole ganhou a vaga na lateral direita, Dimitri Petratos jogou na direita do ataque, Rhyan Grant logo atrás dos atacantes e Musialik como primeiro volante. Já o Kashima, do técnico Oswaldo de Oliveira, só não teve o zagueiro Masahiko Inoha. Oswaldo preferiu poupar Osako e deu a Carlão a primeira chance como titular.

O Kashima errou muitos passes no início e teve dificuldades para criar. O Sydney também não conseguiu criar muito, mas assustou em várias oportunidades com cruzamentos para o centroavante brasileiro Bruno Cazarine. Essa, aliás, foi a única jogada de perigo dos australianos em todo o jogo - eles até poderiam ter conseguido algo se o brasileiro tivesse acertado o alvo em alguma cabeçada.

Aos 40 minutos, o Kashima finalmente conseguiu arquitetar uma boa jogada - Koroki recebeu de Nozawa na área, foi até o linha fundo e cruzou. Fellype Gabriel chutou, o goleiro defendeu e Nozawa apareceu para pegar o rebote e fazer 1x0.

Logo no início do segundo tempo, Nozawa mais uma vez foi decisivo. O camisa 8 cruzou na cabeça de Fellype Gabriel, que não desperdiçou e fez 2x0. O time australiano era dominado, nem parecia jogar em casa. Talvez esse mal desempenho nem seja tão surpreendente, visto que o Sydney FC, apesar de ter sido campeão na liga australiana em 2010, foi apenas o 9º este ano - a A-League tem onze times e termina em março.

Ainda deu tempo de fazer o terceiro nos acréscimos. Nozawa, que participou de todos os gols, deixou Koroki frente a frente com o goleiro - o atacante finalizou bem o definiu o placar: 3x0.

Foi uma boa atuação do Kashima, que escapou sem derrotas dos temíveis jogos fora de casa da ACL - todos os outros times japoneses já foram derrotados. Na próxima terça-feira (19/04), eles recebem o Suwon Bluewings, num confronto que vale a liderança do Grupo H. A partida será às 14:00 em Tóquio (2:00 da manhã no horário de Brasília), já que a capital japonesa ainda sofre racionamento de energia e não terá jogos noturnos por enquanto.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Nagoya Grampus 4x0 Al Ain: Primeira vitória, goleada e mudança tática

Mu Kanazaki marcou duas vezes no primeiro tempo

O Nagoya Grampus finalmente conseguiu sua primeira vitória na Liga dos Campeões da Ásia e na temporada. O time dirigido pelo sérvio Dragan Stojkovic finalmente mostrou o que se esperava dele e fez 4x0 no Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, em partida adiada pela segunda rodada, disputada no Mizuho Stadium, em Nagoya. Os gols foram marcados por Kanazaki (duas vezes), Brahima Keita (contra) e Fujimoto.

A formação inicial das equipes

Stojkovic abriu mão do seu usal 4-3-3 e escalou o time no 4-4-2, possivelmente buscando a melhor forma de fazer jogarem juntos os meias Ogawa e Fujimoto. O camisa 10 começou como segundo volante, enquanto o camisa 8 jogou na meia esquerda no primeiro tempo. Já o Al Ain, dos brasileiros Gallo (técnico) e Elias (destaque do Atlético-GO no Brasileirão 2010), veio num 4-2-3-1.

A partida começou equilibrada, com os dois times jogando no ataque. Logo no início, um chute de Ogawa de fora da área beliscou o travessão. Os árabes assustavam em rápidos contra-ataques. Aos 26 minutos, Kennedy dominou na entrada da área um lançamento de Fujimoto, puxou a marcação do zagueiro e só deu um toquinho para deixar Kanazaki na cara do gol, que tirou do goleiro e concluiu bem: 1x0.

O Al Ain teve algumas chances de empatar, principalmente com Elias, mas o brasileiro não estava com o pé calibrado e seus chutes foram pra fora. Nos acréscimos do primeiro tempo, Kanazaki apareceu na pequena área, no meio dos zagueiros, para escorar o cruzamento de Abe e fazer 2x0.

Na segunda etapa, Stojkovic testou várias formações diferentes, principalmente mudando a posição de Fujimoto, que foi deslocado para segundo volante e depois jogou como armador central. Os árabes até tinham conseguido equilibrar o jogo e criar chances no início, mas o time não se encontrou mais no segundo tempo. Aos 15 minutos, a vitória do Nagoya foi definida com um gol contra do marfinense Brahima Keita - Fujimoto cobrou escanteio, Tulio foi pra cabecear mas não alcançou; o goleiro tinha pulado junto e também ficou no vazio; a bola sobrou para Masukawa, que tentou cruzar, mas Keita colocou pra dentro do próprio do gol.

Apesar de não ter deixado o seu, o australiano Josh Kennedy teve uma atuação muito boa - ao contrário de partidas anteriores onde ele ficava isolado na frente e quase não aparecia -, movimentando-se bastante e muitas vezes recuando para receber a bola e criando chances para os companheiros. Foi com um passe dele que Kanazaki ficou cara a cara com o goleiro e teve a chance de fazer seu hat-trick - porém, Rabee saiu bem da sua meta e fez a defesa.

Fujimoto também fez excelente partida, e definiu o placar quando arrancou em velocidade, foi fazendo fila até ser derrubado por Fares Juma na entrada da área. Como era o último zagueiro, o árbitro mostrou o cartão vermelho direto. O próprio Fujimoto cobrou a falta e ainda contou com um leve desvio na barreira para colocar a bola no canto direito do goleiro e fazer 4x0.

Com a vitória, o Nagoya pula para segundo no Grupo F, superando o chinês Hangzhou Greentown no saldo de gols. Os japoneses respiram aliviados depois de um início ruim e se preparam para uma partida decisiva contra o FC Seoul na próxima semana (dia 19/04, às 8:00 no horário de Brasília). Enquanto isso, o Al Ain amarga a última posição sem ter feito um golzinho sequer em três partidas.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Japão na Copa América: Participar ou não participar?


Depois do terremoto seguido de tsunami que devastou o nordeste do Japão em 11 de março, começaram a ser levantadas dúvidas quanto à participação da seleção nipônica na Copa América, que acontecerá em julho na Argentina. No início, a federação japonesa (JFA) havia confirmado sua participação, mas toda a imprensa deu como certa a sua desistência depois que Junji Ogura, presidente da JFA, veio pessoalmente à América do Sul explicar a situação de seu país à Conmebol.

Depois disso, quando todos já estavam pensando quem ficaria com a vaga em aberto, surpreendentemente o comitê organizador pediu que o Japão reconsiderasse sua decisão e participasse do torneio. Ogura solicitou mais 10 dias para dar uma resposta e a decisão final deve ser anunciada dia 15 de abril.

Em meio a toda essa novela, fica a questão: O Japão deveria ou não participar da Copa América? Relevando o fato de que o país não faz parte da América - afinal de contas, se o nome do torneio fosse fiel aos times que participam, deveria chamar Copa América do Sul -, o atual campeão da Ásia tem condições de fazer uma boa campanha, mas seus problemas internos gerados pelo recente desastre natural é o que complica toda a situação.

O maior impasse é quanto à realização das rodadas atrasadas da J-League, paralisada desde 12 de março e que deve retornar apenas em 23 de abril. As cinco rodadas suspensas seriam realizadas em julho, no único período livre do calendário japonês, mas é justamente nesse mês que acontece a Copa América, e os clubes não estão dispostos a liberarem seus melhores jogadores para a seleção.

Cogitou-se levar apenas aqueles que atuam na Europa (e que estariam de férias em julho) e alguns jovens da seleção olímpica para completar o elenco. É bem verdade que os titulares da seleção principal que atuam na J-League são apenas o volante Endo e possivelmente o zagueiro Tulio e - pelo menos na cabeça do técnico Zaccheroni - o atacante Maeda. Apesar disso, mandar um time que não seja força máxima pode não ser a melhor opção.

Para alguns, na impossibilidade de jogar com força total, o melhor seria não participar e concentrar os esforços na recuperação e na reorganização do país para que tudo volte ao normal. Além disso, um novo convite para jogar a competição em 2015 - que será no Brasil - seria muito provável.

É claro que vai ser preciso boa vontade de ambas as partes - clubes e JFA - para que a situação se resolva da melhor maneira. Assim como a Conmebol mostrou bom senso ao entender a situação do Japão e insistir para que participassem, talvez os clubes pudessem liberar seus atletas para que a seleção mais forte possível vá para a Argentina em julho. Afinal de contas, perder um ou dois jogadores durante cinco jogos não é o fim de mundo para nenhum time - além disso, o objetivo da J-League não é fortalecer o futebol nacional?

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Nagoya Grampus 1x1 FC Seoul: A vida é difícil na ACL

Nagai fez o primeiro gol do jogo / Foto: Koichi Morimoto

O Nagoya Grampus ainda busca sua primeira vitória na temporada. Apesar de ter saído na frente com um gol do rápido e oportunista Kensuke Nagai, o time não jogou o que se esperava e acabou cedendo o empate no segundo tempo. No duelo do campeão japonês com o campeão coreano, o FC Seoul é quem tem mais a comemorar com o empate, pois mantém a liderança do grupo e segue firme rumo à segunda fase da Liga dos Campeões da Ásia.

O ofensivo 4-3-3 do Nagoya não incomodou muito o cauteloso 4-4-2 do Seoul

Jogando no Mizuho Stadium, em Nagoya, o time da casa foi pra cima desde o início. Quem mais causou perigo foram os jovens e rápidos atacantes Kanazaki e Nagai. Primeiro foi Kanazaki, que aproveitou a distração do zagueiro pra roubar uma bola no campo de ataque e chutar com perigo, por cima do gol. Depois foi Nagai, que também roubou uma bola do zagueiro sul-coreano, arrancou em velocidade e finalizou na saída do goleiro pra abrir o placar.

Apesar do início arrasador, o Nagoya fez pouco depois disso. Uma falta cobrada por Fujimoto na entrada da área onde o goleiro Kin Yong-Dae fez uma boa defesa foi um dos poucos lances de perigo do primeiro tempo.

No segundo tempo, o Nagoya continuava com dificuldades em impor o seu jogo. Kennedy mal tocava na bola e seu time pouco criava; parecia contente em segurar o 1x0. O Seoul também não assustava muito, mas chegou ao empate com um golaço. O lateral Choi Hyun-Tae arriscou de longe e acertou no ângulo, sem chance pra Narazaki.

Precisando correr atrás do placar, Stojkovic não tinha nenhuma opção para o ataque no banco. Entraram no meio-campo o estreante Makito Yoshida e o veterano Alex Santos, mas o Nagoya ainda não parecia perto do segundo gol. Nos minutos finais, Kanazaki não aguentou e teve que sair. Sem atacantes, o técnico sérvio colocou o zagueiro Chiyotanda e mandou Tulio pro ataque. Na base do desespero, o Nagoya até chegou perto, mas não conseguiu o gol da vitória contra um Seoul que se defendeu muito bem.

Com quatro jogos e ainda nenhuma vitória na temporada, chega a ser preocupante a situação do atual campeão da J-League, que pelo menos no papel ficou ainda mais forte este ano. Até o próprio Stojkovic declarou após a partida que "o time estava irreconhecível no segundo tempo".

Com uma derrota e um empate, o Nagoya tem apenas um ponto no Grupo F. Apesar disso, se vencer o jogo adiado contra o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos - semana que vem, dia 12 de abril -, pode subir para o segundo lugar. Na outra partida do grupo, o Hangzhou Greentown empatou em 0x0 com o Al Ain.

terça-feira, 5 de abril de 2011

ACL: Cerezo vence em casa, Gamba é derrotado na Coreia

A J-League continua paralisada no Japão e só volta dia 23 de abril. Enquanto isso, a situação já vai voltando ao normal pelo menos na Liga dos Campeões da Ásia. Nesta terceira rodada, os quatro japoneses enfrentam times coreanos, os adversários mais perigosos no torneio continental. Enquanto o Cerezo Osaka venceu em casa o time praticamente reserva do Jeonbuk Motors, o Gamba Osaka sofreu contra o Jeju United na Coreia e, apesar de ter saído na frente, levou a virada no segundo tempo e teve sorte de não ter sofrido mais gols.

Cerezo Osaka 1x0 Jeonbuk Motors

A formação inicial das equipes

O Cerezo havia começado bem a ACL, com uma vitória em casa contra o Arema (Indonésia) por 2x1, mas logo em seguida foi até a China e perdeu para o Shandong Luneng por 2x0. Na terceira rodada, a vitória em casa era mais do que necessária para não sair do caminho da classificação. O time do técnico Levir Culpi teve hoje apenas o desfalque do brasileiro Martinez - o sul-coreano Kim Bo-Kyung recuou para ocupar sua posição. Inui, que normalmente joga pelo lado esquerdo, foi hoje o articulador central, enquanto Kiyotake ganhou a chance de ser titular jogando na ponta esquerda.

Por outro lado, o Jeonbuk Motors, priorizando a disputa da K-League, veio com quase todo o time reserva. Oito jogadores que foram titulares na vitória contra o Shandong Luneng pela primeira rodada não estavam nem no banco hoje, entre eles os brasileiros Luiz Henrique e Eninho. Do time que jogou, apenas o zagueiro Sim Woo-Yeon (que incrivelmente também joga como atacante!) costuma ser titular. Apesar de ter vencido o Arema na Indonésia por 4x0 também com um time misto na segunda rodada, um empate contra o Cerezo já estaria de bom tamanho.

E os reservas do Jeonbuk deram trabalho. O primeiro tempo foi monótono, com poucas chances de gol. O Cerezo não conseguia criar, e suas eventuais tentativas de chute de fora da área passaram longe do gol.

No segundo tempo, os japoneses voltaram com um ímpeto maior, quase marcando logo no primeiro ataque. O gol não demorou a sair - com sete minutos, Inui recebeu de Pimpão e avançou, passou por um zagueiro e chutou rasteiro para fazer 1x0. O segundo gol poderia ter saído logo depois, quando Kurata recebeu um belo passe de Kiyotake, invadiu a área e chutou forte, mas o goleiro Kim Min-Sik mandou para escanteio. Pimpão também teve sua chance, ao receber um cruzamento na pequena área com o gol aberto. Mas o brasileiro isolou o chute, a bola passou por cima do gol.

Nos últimos minutos, o Cerezo tentou apenas segurar o resultado, e por pouco não sofreu o empate. Numa péssima saída do goleiro Kim Jin-Hyeon, que tentou cortar um cruzamento e não achou nada, o gol ficou vazio por um instante, mas o Jeonbuk não conseguiu finalizar. Depois, o atacante croata Lovrek - que entrou no segundo tempo - recebeu lançamento livre na área, mas desta vez o goleiro do Cerezo foi bem e salvou o time. O torcedor passou por momentos de tensão no final da partida no Nagai Stadium, mas o time da casa conseguiu segurar o placar até o fim.

Com a vitória, o Cerezo subiu para o segundo lugar no Grupo G, enquanto o Jeonbuk continua na liderança, com um saldo melhor. O Shandong Luneng vencia o Arema na Indonésia (com gol de Obina!) até os acréscimos do segundo tempo, quando sofreu o empate e o jogo acabou 1x1. O time chinês caiu para terceiro lugar, enquanto o lanterna Arema ganhou seu primeiro ponto.


Jeju United 2x1 Gamba Osaka

Depois de um início perfeito - 5x1 contra o Melbourne Victory - na ACL, o Gamba Osaka sofreu sua segunda derrota em três jogos e vive uma situação difícil no Grupo E. Já o Jeju United, que começou perdendo em casa para o Tianjin Teda (1x0), se recuperou e já vem numa sequência de seis jogos sem derrota neste início de temporada.

O Jeju num ofensivo 4-3-3 e o Gamba no seu tradicional 4-4-2

Da linha de quatro defensores do Gamba, três mudanças desde o último jogo. Com o desfalque de Akira Kaji, o sul-coreano Kim Seung-Yong jogou na lateral direita. O zagueiro Yamaguchi também ficou de fora e Kim Jung-Ya começou no banco. Assim, a dupla de zaga foi formada por Takagi e Sota Nakazawa. O capitão Tomokazu Myojin finalmente se recuperou e jogou ao lado de Endo no meio.

O Gamba começou muito bem a partida, nem parecia que estava jogando na Coreia. Aos 22 minutos, Endo cobrou escanteio e o zagueiro Nakazawa apareceu na área para cabecear e fazer 1x0. Um minuto depois, Lee Keun-Ho invadiu a área, driblou o goleiro mas teve o chute bloqueado. No rebote, Adriano tinha o gol vazio à sua frente, mas chutou pra fora e perdeu um gol feito. No fim do primeiro tempo, Adriano tabelou com Lee Keun-Ho e ficou na cara do gol, mas o goleiro fechou bem o ângulo e conseguiu fazer a defesa, além de segurar também o chute de Shimohira no rebote.

No segundo tempo, apesar de nenhuma mudança nos dois times, o Jeju United finalmente acordou para o jogo. Logo no primeiro minuto, o brasileiro Natanael Santos chutou de longe com perigo, assustando o goleiro Fujigaya. Um minuto depois, o mesmo Santos chutou cruzado da pequena área e acertou a trave. O gol de empate estava perto. Aos 7 minutos, depois de um lançamento pra área, Shin Young-Rok ajeitou de cabeça para Santos, que deixou Park Hyun-Beom na cara do gol. O camisa 5 cruzou rasteiro para Young-Rok, que empurrou pro gol e empatou o jogo.

Em seguida, o Gamba quase marcou depois de uma jogada individual de Usami - Kim Ho-Jun fez boa defesa e salvou os coreanos. O jogo estava aberto, parecia que logo sairiam mais gols. E quem marcou foi o Jeju. Bae Ki-Jong correu mais que o zagueiro, recebeu um longo lançamento do campo de defesa, driblou Fujigaya e, mesmo sem ângulo, conseguiu fazer o gol da virada.

Com a vantagem no placar, o time da casa ainda teve várias chances de ampliar - principalmente com o atacante Kang Soo-Il, que perdeu duas chances incríveis: na primeira, ele recebeu livre, na pequena área, dominou no peito e chutou frente a frente com o goleiro, mas ele pegou tão mal na bola que ela quicou no chão e foi fraquinha para o gol, facilitando a vida de Fujigaya. Na segunda oportunidade, ele pegou um rebote na pequena área, com o gol vazio, e conseguiu chutar pra fora.

Com a derrota, o Gamba caiu para terceiro lugar no grupo, enquanto o Jeju subiu para segundo. O líder é o Tianjin Teda, que conseguiu apenas um empate em casa contra o australiano Melbourne Victory, que segura a lanterna com apenas um ponto.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Novo formato é anunciado para a Yamazaki Nabisco Cup 2011

A J-League anunciou hoje um novo formato para a disputa da Copa da Liga, também conhecida como Yamazaki Nabisco Cup. Devido ao terremoto que afetou o país no dia 11 de março, todas as partidas que deveriam ser disputadas a partir de então foram canceladas. Com o futebol parado até o final de abril, a J-League decidiu mudar o formato da Copa da Liga para diminuir o número de partidas e minimizar os problemas com o reagendamento dos jogos.

Como era
A Copa da Liga é disputada pelos 18 times que participam da primeira divisão (J1). Os quatro participantes da Liga dos Campeões da Ásia entravam só na fase final, enquanto os outros 14 clubes eram divididos em dois grupos de sete. Depois de seis rodadas onde todos jogavam contra todos dentro de seus grupos, os dois primeiros de cada grupo passavam para as quartas-de-final. Os oito times restantes jogavam em partidas eliminatórias de ida e volta, até a grande final, disputada em jogo único em campo neutro.

O novo formato
Na edição 2011, não haverá mais fase de grupos. A disputa vai começar direto no mata-mata, com jogos de ida e volta. Os quatro participantes da ACL (Kashima Antlers, Nagoya Grampus, Gamba Osaka e Cerezo Osaka) entram apenas nas quartas-de-final, e a partir daí o classificado será definido em jogo único. Ou seja, as quatro equipes que entram no meio do torneio têm um caminho mais curto para o título - basta vencer três jogos. Veja a tabela com as chaves e as datas dos jogos anunciada pela J-League (apenas a data da final ainda não foi anunciada):

(clique para ampliar) A partir das quartas-de-final, a estrela indica o time mandante