O capitão Makoto Hasebe levanta a taça / Foto: AFP
Com um gol na prorrogação de Tadanari Lee, o Japão venceu a Austrália por 1x0 e conquistou a Copa da Ásia pela quarta vez, tornando-se assim o maior campeão do continente, superando Irã e Arábia Saudita que tinham três títulos. Honda foi eleito o melhor jogador do torneio, mas quem salvou o dia foi o goleiro Kawashima, que fez milagre e foi o melhor em campo na final.
Japão no 4-2-3-1 e Austrália no 4-4-2
O maior problema que o italiano Alberto Zaccheroni teve para escalar sua seleção foi escolher o substituto de Kagawa, que fraturou um osso do pé e ficará alguns meses em recuperação. No final quem ganhou a vaga foi o meia Jungo Fujimoto, do Shimizu S-Pulse. Ele jogou na ponta direita enquanto Okazaki foi para a esquerda - assim como eles costumam jogar no Shimizu. Na defesa, Yoshida retornou depois de cumprir suspensão.
Já o alemão Holger Osieck não teve problemas para escalar os Socceroos: o time que veio a campo foi exatamente o mesmo que goleou o Uzbequistão na semifinal. A Austrália apostava na consistência da sua defesa, a melhor do campeonato, que só havia sofrido um gol em cinco jogos. Jogando em um típico 4-4-2 britânico em duas linhas de quatro, sua estratégia era defender, às vezes com todos os jogadores atrás da linha do meio-campo, usar rápidos contra-ataques e abusar dos lançamentos e cruzamentos na área.
E deu certo. Os zagueiros japoneses podiam trocar passes à vontade, mas assim que a bola passava do meio-campo, uma marcação cerrada anulava as jogadas. Era uma defesa de dar inveja a qualquer retranca italiana, mas os australianos também apareciam bem no ataque. Com um time mais físico, eles ganhavam muitas disputas no ar e por pouco o gol não saiu em várias ocasiões. Quando não era pela sorte - como no lance onde um cruzamento de Wilkshire bateu no travessão e a bola quicou em cima da linha -, Kawashima estava lá pra defender.
No ataque, raramente o Japão chegava com perigo. A fraca atuação de Maeda contribuiu bastante para a pouca produção ofensiva dos nipônicos, assim como a falta de ímpeto de Honda. Fujimoto pouco aparecia, e foi o primeiro a ser substituído.
Zaccheroni fez uma mudança interessante no segundo tempo: tirou Fujimoto e colocou o zagueiro Iwamasa. Com três zagueiros, o Japão passou a jogar em algo parecido com um 3-5-2.
As equipes depois da mudança no segundo tempo
Qual seria o motivo de tirar um meia ofensivo pra colocar um zagueiro? Se fechar na defesa - nada incomum vindo de um técnico italiano - e tentar segurar o empate? Pelo contrário, foi aí que o Japão passou a equilibrar o jogo e também ser perigoso no ataque.
Segundo o próprio Zaccheroni, foi uma mudança para adiantar Nagatomo: "Resolvi adiantar o Nagatomo. Pensei que ele seria capaz disso porque é rápido. Eu não mudei o sistema porque se você tira um atacante ou um meia e coloca um zagueiro, os jogadores e o adversário pensam que você está jogando defensivamente, e não era isso que eu queria."
Apesar do treinador ter dito que não mudou o sistema, em vários momentos pareceu ser um 3-5-2, e voltava a ser uma defesa de quatro jogadores quando Uchida recuava. Depois da mudança, o jogo melhorou e chegou num ponto onde as duas equipes atacavam e o gol da vitória poderia sair pra qualquer lado. Em um cruzamento de Nagatomo, Okazaki quase marcou de cabeça, a bola passou bem perto da trave. Kewell teve a chance de decidir, na cara do goleiro, em duas ocasiões. Mas Kawashima foi perfeito e garantiu o zero no placar.
Na prorrogação, Maeda deu lugar a Lee. Aos três minutos do segundo tempo, o gol veio justamente dos jogadores que Zaccheroni mudou: cruzamento de Nagatomo, Lee apareceu livre na área e chutou de primeira, de voleio, sem chance para Schwarzer. Foi o primeiro gol do atacante descendente de coreanos pela seleção, em sua segunda partida - nas duas ele entrou como substituto. A Austrália ainda pressionou e teve uma falta muito perigosa na entrada da área, já no último lance do jogo. Mas os Samurais Azuis se seguraram e comemoraram o tetra da Copa da Ásia.
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