Van Persie marca mesmo chutando quase sem ângulo / Foto: Getty Images
O Arsenal conseguiu uma vitória histórica no jogo de ida pelas oitavas de final da Liga dos Campeões da UEFA. Não apenas por ser a primeira vez que o clube inglês derrota os catalães - é verdade que foram apenas seis partidas até hoje - mas principalmente porque este Barcelona de hoje é considerado por muitos o melhor Barcelona da história. Não basta ter o melhor jogador do mundo, eles têm também o segundo e o terceiro melhor.
Messi tem números simplesmente incríveis. Em 35 jogos nesta temporada, foram 40 gols e 20 assistências. É como se ele garantisse "quase" dois gols em todos os jogos. Antes de empatar com o Sporting Gijón por 1x1 na semana passada, o Barça tinha 16 vitórias seguidas no Campeonato Espanhol, um recorde. O que se espera de um time assim é que se consagre na história vencendo todos os campeonatos que disputar. Porém, pelo menos na partida de ida, esse "quase" não esteve a favor dos espanhóis.
A formação inicial das equipes
O Arsenal esteve desfalcado do zagueiro Vermaelen (lesionado desde o início da temporada) e do lateral Sagna (suspenso). A escalação de Nasri foi uma surpresa, pois o francês ainda se recuperava de uma lesão na coxa e poderia ficar mais uma semana de fora. Pelo Barcelona, a única ausência foi o lesionado Puyol, que deu lugar a Abidal na zaga.
O Arsenal começou pressionando, mas logo a situação se inverteu e o Barcelona controlava a partida. Song recebeu um cartão amarelo após fazer falta em Messi e ficou pendurado logo aos 6 minutos de jogo. Com uma facilidade incrível para trocar passes, parecia questão de tempo pra sair o primeiro gol. A defesa do Arsenal adiantou sua linha e o ataque recuou para estreitar o campo e pressionar quando não tinha a bola, mas isso facilitou para o Barça fazer passes rápidos e deixar seus jogadores na cara do gol. Foi assim que Messi quase abriu o placar aos 14 minutos, quando tocou por cima de Szczesny e a bola foi pra fora, passando muito perto da trave.
Aos 26 minutos, Messi deixou Villa em condição legal na cara do gol; ele chutou na saída do goleiro pra fazer 1x0. Parecia o rumo natural das coisas. O segundo poderia ter saído, mas Szczesny evitou que a situação piorasse para os donos da casa. Só no primeiro tempo, o Barcelona completou 328 passes, enquanto o Arsenal, 158.
O time de Londres até teve duas boas chances de marcar no primeiro tempo com Van Persie, mas a primeira parou nas mãos de Valdés; na segunda, o holandês mandou pra fora, por cima do gol. Fabregas também teve uma boa chance, mas decidiu cruzar quando poderia chutar e um leve desvio de cabeça de Abidal impediu que a bola chegasse a Van Persie na frente do gol.
No segundo tempo, Pep Guardiola parecia contente com a vitória parcial, pois o ímpeto ofensivo de sua equipe diminuiu. Ainda assim, continuaram extremamente perigosos nos contra-ataques. A partida ficou mais equilibrada, mas não parecia que o Arsenal seria capaz de recuperar o prejuízo. Até que, na metade do segundo tempo, alterações dos dois lados mudaram o panorama do jogo. Pelo Barcelona, Keita entrou no lugar de Villa, jogando mais pelo meio e adiantando Iniesta no lado esquerdo do ataque. Pelo Arsenal, Arsene Wenger resolveu arriscar e colocou Arshavin no lugar de Song. O russo foi para a ponta esquerda, enquanto Nasri foi pro meio ao lado de Wilshere. Pouco depois, Bendtner ainda entrou no lugar de Walcott.
Aos 33 minutos, Van Persie recebeu de Clichy e, quase sem ângulo nenhum, chutou rasteiro. Valdés aceitou e o jogo estava empatado. Agora os dois times atacavam, e foi em um contra-ataque que a partida foi definida. Nasri recebeu de Fabregas, invadiu a área e passou para Arshavin, que chegava de trás e chutou no contrapé de Valdés. Uma virada que parecia improvável, que mostrou que é possível enfrentar o Barcelona jogando ofensivamente sem levar uma goleada, como aconteceu com o Real Madrid de Mourinho.
As alterações do segundo tempo foram fundamentais, mas o Arsenal também contou com a sorte e a competência de sua defesa - que costuma ser irregular, mas não hoje - e principalmente de seu goleiro. Wojciech Szczesny, polonês de apenas 20 anos, mostrou muita segurança, frieza e maturidade para provar que o Arsenal finalmente tem um grande goleiro, depois de desventuras com Almunia e Fabianski.
Apesar do resultado, não é o fim do mundo para o Barcelona. Eles poderiam ter vencido se tivessem sido mais ousados no segundo tempo - coisa que provavelmente serão durante os 90 minutos no jogo de volta. Apenas um gol de diferença é algo totalmente recuperável pra quem está acostumado a aplicar tantas goleadas. Veremos no dia 8 de março se foi um acidente de percurso ou se o Arsenal realmente vai fazer história - mais uma vez - e estragar a temporada perfeita do (por enquanto) melhor Barcelona de todos os tempos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário